Em 1867, uma autoridade dos EUA se
viu alvo de piadas impiedosas por ter autorizado uma compra considerada
extravagante com recursos públicos.
Os Estados Unidos tinham
acabado de pagar US$ 7,2 milhões ao governo imperial russo pelo
território do Alasca, uma imensidão isolada que não parecia ter
utilidade econômica alguma.
Nesta quinta, faz 150 anos que os Estados Unidos compraram o território. O tempo acabou dando razão à Seward: a aquisição se mostrou um dos negócios mais rentáveis da história.
Uma pechincha
Se for levada em conta a inflação do período, os US$ 7,2 milhões pagos pelos Estados Unidos em 1867 ao czar Alexandre 2º equivalem a cerca de US$ 100 milhões (R$ 313 milhões) hoje.Ou seja, pagou-se uma verdadeira pechincha pelo que hoje é o maior Estado dos EUA.
A compra do Alasca adicionou mais de 1,5 milhão de quilômetros quadrados aos EUA. Com isso, se analisarmos apenas o preço do quilômetro quadrado hoje naquele Estado, estima-se que o território vale 150 vezes mais do que Washington pagou por ele.
Mas o Alasca é muito mais que um pedaço de terra gelada. É também um enorme depósito de recursos naturais: menos de 20 anos depois de o negócio ser fechado, instalou-se uma corrida por ouro na região.
Além disso, em meados do século 20 petroleiras encontraram enormes reservas no norte do Estado que, desde então, tem sido exploradas de maneira intensa e rendem milhares de dólares.
O Alasca se transformou numa poderosa economia. Tem uma população que se aproxima de 1 milhão de habitantes e um PIB (Produto Interno Bruto) de US$ 44 bilhões anuais. Em outras palavras, produz anualmente mais de 400 vezes o que a Rússia ganhou ao vender o território.
Poder militar
O Alasca sempre foi considerado estratégico do ponto de vista militar.Acredita-se que, entre as razões pelas quais a Rússia vendeu a terra, estaria o receio de que o Reino Unido tivesse ambições expansionistas. Naquela época, os britânicos eram uma superpotência mundial e já controlavam o Canadá.
Mal imaginaria o czar que, quase um século depois, em 1945, início da Guerra Fria entre os Estados Unidos e a União Soviética, o Alasca se tornaria um posto militar de valor inestimável - permitia que tropas, radares e aviões americanos estivessem praticamente na porta da Rússia.
Logo, vista com as lentes da modernidade, a venda feita em 1867 pelos russos pode ser encarada como um erro comercial e uma falha estratégica.
Consolo
Mas essa não foi a única compra de terras a favorecer os EUA no século 19.Em 1803, décadas antes da aquisição do Alasca, os americanos compraram da França a área conhecida como Louisiana.
Era um território ainda maior que o Alasca, com 2,1 milhões de quilômetros quadrados que compreendem hoje 15 Estados dos EUA - vai da cidade de Nova Orleans, no sul, até Montana, no noroeste do país.
O custo da compra de Louisiana foi de US$ 15 milhões, o equivalente a aproximadamente US$ 300 milhões hoje.
No século 19, os EUA conseguiram um aumento territorial expressivo mediante o pagamento de quantias irrisórias para potências europeias.
Mas uma coisa é verdade: naquela época, era difícil prever a expansão econômica que o país iria contabilizar décadas mais tarde.
No Alasca, comemorou-se o 150º aniversário do negócio assinado por Seward em 1867. E ele acabou entrando para história não como um louco, como previam seus contemporâneos, mas como o arquiteto de um dos maiores negócios de todos os tempos.
conteúdo
BBC
Nenhum comentário:
Postar um comentário