O número de brasileiros que migraram legalmente para os 36 países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) aumentou 24% em 2017 com relação ao ano anterior, segundo um relatório sobre migração internacional publicado nesta quarta-feira pela entidade. Trata-se do terceiro maior aumento de fluxo migratório para os países ricos, atrás apenas da Tailândia e da Venezuela.
Em números absolutos, porém, o Brasil ocupa a décima sétima posição em um ranking de 50 países que mais enviaram pessoas para a OCDE em 2017. Um total de 99.000 brasileiros mudaram de país de forma legal naquele ano, enquanto que 80.000 arrumaram suas malas em 2016.
O Brasil vivia então um período de lenta recuperação
econômica após duas quedas bruscas do PIB em 2015 e 2016, coincidindo
com uma grave crise política que desembocou no impeachment de Dilma Rousseff,
com o aumento dos índices de violência urbana e a continuidade de altas
taxas de desemprego. Os números de 2017 também estão acima da média
registrada entre 2007 e 2016. Nesse período, cerca de 77.000 brasileiros
deixaram o país a cada ano para morar em países da OCDE, segundo o estudo.
O relatório também mostra que, entre os países desenvolvidos, Portugal foi o que assistiu o maior aumento no fluxo de migrantes brasileiros.
Se em 2016 um total de 7.100 pessoas escolheram o o país europeu para
viver, em 2017 foram 11.600. Isto é, 64% a mais. Porém, em números
absolutos, os brasileiros ainda preferem a Itália, onde 15.700 novos
imigrantes chegaram em 2017, Estados Unidos (15.000), Japão (14.200) e
Espanha (12.500). Depois de Portugal, Espanha e Estados Unidos foram os
países que mais assistiram o aumento do fluxo de brasileiros: 12% e 9% a
mais com relação a 2016, respectivamente, ainda segundo o estudo.
Com relação aos pedidos de nacionalidade, o documento da OCDE
mostra que os brasileiros recorrem principalmente a Itália, onde 9.936
pessoas do país sul-americano se naturalizaram em 2017, Estados Unidos
(9.701), Portugal (6.084) e Espanha (1.294).
Pedidos de asilo sobem nos EUA
Um dado que chama a atenção no relatório é o de pedidos de asilo feitos por brasileiros nos Estados Unidos.
O país norte-americano registrou apenas 175 pedidos feitos por
brasileiros em 2009, mas o índice foi aumentando constantemente: chegou a
492 pedidos em 2014, 983 em 2015, 1.454 em 2016 e 2.625 em 2017.
Portanto, em um período de apenas um ano, o número de solicitações
praticamente dobrou. Em 2018 se estabilizou, ficando em 2.282 pedidos.
Essa
mudança brusca se deu, sobretudo, porque aumentou o número de
brasileiros que chegam pela fronteira com o México e se entregam aos
guardas estadounidenses pedindo asilo, segundo informou o jornal Folha de S. Paulo em reportagem
com dados públicos acessados pelo programa TRAC da Universidade de
Syracuse. As solicitações também ocorreram, ainda que em menor número,
por pessoas que chegam de avião aos EUA e acabam detidas no aeroporto.
Entre
as razões mais usadas pelos brasileiros na hora de pedir asilo estão
perseguição por violência de gênero ou orientação sexual, além de
perseguição policial — ainda que em menor número. Alguns também afirmam
precisar de asilo por condições econômicas ou políticas, perseguição por
agiotas ou brigas de herança, ainda segundo o jornal. A taxa de
concessão de asilo fica abaixo de 10%.
Dados globais
Após
uma queda de 4% entre 2016 e 2017, o fluxo de imigrantes permanentes
para os países da OCDE voltou a crescer em 2018 até se fixar em 5,3
milhões de pessoas, segundo o relatório anual. Além disso, o documento
afirma que a crise econômica e política pela qual a Venezuela passa fez
com que a crise humanitária se deslocasse: já não é mais a Europa que a
vive, com a chegada de pessoas em fuga do conflito sírio, mas os países vizinhos sul-americanos, que recebem números recordes de venezuelanos, especialmente a Colômbia.
conteúdo
Felipe Betim
São Paulo
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