É certo que não foi apenas por acreditar nas palavras da Bíblia que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, decidiu mudar a embaixada do país de Tel- Aviv para Jerusalém. Nem foi por isso que o empresário do ramo de entretenimento deu poder a uma equipe de pastores evangélicos na Casa Branca para que fizessem lobby em nações latino-americanas, convencendo seus governantes a fazer o mesmo. Uma das maiores influências por trás da atitude de Trump foi o magnata dos cassinos Sheldon Adelson, fundador e presidente da Las Vegas Sands (LVS), e sua mulher, a israelense Miriam Adelson.
Maior doador de campanha de Donald Trump
– foram 20 milhões de dólares na campanha e outros 5 milhões de dólares
arrecadados para a cerimônia da posse – e forte aliado do
primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, Sheldon Adelson é apontado
como o principal articulador da política externa dos Estados Unidos no
Oriente Médio. Além de transferir a embaixada para Jerusalém, o Governo
americano cortou o financiamento para ajuda a refugiados palestinos e desmantelou o acordo nuclear com o Irã.
Sheldon Adelson se ofereceu para ajudar a financiar a mudança da embaixada dos EUA para Jerusalém, conforme revelou o New York Times
em fevereiro do ano passado. Durante a inauguração da embaixada, os
Adelsons ganharam assentos privilegiados, ao lado de Netanyahu e sua
esposa, da filha de Donald Trump, Ivanka, e seu marido, Jared Kushner, e
do secretário do Tesouro, Steven Mnuchin, de acordo com a reportagem
investigativa da ProPublica e da WNYC.
Miriam
escreveu um relato da cerimônia, elogiando Donald Trump, que foi
copublicada na primeira página dos dois jornais que o próprio Adelson
tem em Israel: o Israel Hayom – diário gratuito que afirma ter a maior
circulação no país – e o Las Vegas Review-Journal. “A abertura da
embaixada é um momento de coroamento para a política externa dos EUA,
para o nosso presidente, Donald Trump. Pouco mais de um ano após seu
primeiro mandato, ele rencentrou os Estados Unidos como porta-estandarte
da clareza moral e da coragem em um mundo que muitas vezes se sente à
deriva.”
De
acordo com o ProPublica, o presidente da Organização Sionista da
América, Morton Klein, que também estava na inauguração, contou que
Sheldon Adelson lhe disse: “O presidente Trump prometeu que faria isso e
fez isso”. Ao jornal, o CEO da Câmara de Comércio Judaica Ortodoxa,
Duvi Honig revelou: “Sheldon me disse que qualquer país que queira mudar
sua embaixada para Jerusalém, ele os levará – o presidente e todos –
para a abertura”.
Em parte pelo menos, ele está cumprindo
essa promessa. Em 16 de maio, o magnata dos cassinos emprestou seu
avião particular para o presidente da Guatemala, Jimmy Morales, e sua
comitiva, viajarem para participar da inauguração da embaixada do país
em Jerusalém, segundo o jornal Nomada, membro da investigação conjunta As Transnacionais da Fé, uma colaboração entre 16 meios latino-americanos, sob a liderança da Columbia Journalism Investigations, da Universidade Columbia.
Tanto os Estados Unidos quanto a Guatemala mudaram suas embaixadas para Jerusalém em maio de 2018, com dois dias de intervalo.
De origem pobre, Sheldon Adelson é hoje o 24º homem mais rico do mundo, segundo a lista
de bilionários da Forbes de 2019, com uma fortuna avaliada em 35,1
bilhões de dólares. Parte de seus recursos é destinada a organizações
judaicas e sionistas. De acordo com a Forbes,
ele doou 410 milhões de dólares para a Birthright, uma entidade que
envia jovens judeus em viagens gratuitas para Israel. O magnata dos
cassinos financia também a Organização Sionista da América, a mais
antiga liga pró-Israel nos Estados Unidos.
No seu site,
a organização informa que se dedica a educar o público, autoridades
eleitas, mídia e estudantes de faculdades e promover fortes relações
EUA-Israel. “A ZOA (Zionist Organization of America) trabalha para
proteger os estudantes de faculdades e colégios judaicos da intimidação,
assédio e discriminação, e na luta contra o antissemitismo em geral”,
acrescenta.
Ainda é obscuro se há interesses econômicos
de Adelson na sua militância pró-Israel. Fato é que a proximidade com o
homem na Casa Branca – Trump também teve cassinos em Las Vegas, onde
competia diretamente com Adelson – parece estar abrindo portas também
para os negócios do magnata. E o Brasil está na sua mira.
Em encontro, Trump falou a Bolsonaro sobre legalização de cassinos
De acordo com uma reportagem investigativa da ProPublica e da WNYC,
em fevereiro de 2017, durante um encontro com o primeiro-ministro
japonês, Shinzo Abe, Donald Trump mencionou o interesse de Adelson em
construir um cassino no Japão, segundo duas fontes do jornal. O jogo no
país é legalizado e o mercado, competitivo. De acordo com a reportagem,
por mais de uma década, Adelson e sua empresa, a LVS, tentam conseguir
uma licença para construir um resort com cassino multibilionário.
Um movimento semelhante tem ocorrido para beneficiar os negócios do magnata no Brasil, segundo apurou a Pública. Conforme divulgado pelo Estado de S. Paulo, a legalização dos cassinos foi tema de conversa entre Trump e Jair Bolsonaro
durante visita do presidente brasileiro a Washington, em 19 de março.
Dois dias após esse encontro, o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro
Antônio, afirmou que o governo deverá provocar um debate no Congresso
Nacional sobre a possibilidade de permitir que cassinos possam operar
integrados a resorts. Exatamente o modelo de negócios de Sheldon
Adelson.
Ao ser questionado pela Pública
sobre as articulações do ministro a respeito do assunto, o Ministério
do Turismo afirmou por meio de nota: “Em primeiro lugar, é preciso
separar a liberação de cassinos integrados a resorts e jogos de azar
como um todo. Neste momento, este é um assunto que está em discussão no
Congresso Nacional”. Segundo o órgão, o ministro nunca se encontrou com o
empresário Sheldon Adelson.
Entretanto, em visita ao
Brasil em maio do ano passado, o bilionário americano deixou claro quais
são seus interesses no país. “Estou aqui para considerar o investimento
em um ou mais resorts integrados”, afirmou em entrevista ao Valor Econômico.
De acordo com o jornal, “o LVS quer que os cassinos fiquem restritos
aos complexos turísticos – o modelo integrado que, para a companhia, é a
única que pode trazer os benefícios desejados”.
“Na
Argentina, há pequenos cassinos, mas não temos interesse nisso”,
observou Adelson. Coincidentemente, o mesmo modelo foi defendido pelo
ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio.
Promessa de investimento de US$ 10 bilhões no Rio de Janeiro com bênçãos de Crivella
Um dos principais entusiastas da ideia dos cassinos integrados a resorts tem sido o prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella.
Bispo licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus e sobrinho do
líder da igreja, bispo Edir Macedo, ele chegou a se reunir em maio do
ano passado com Sheldon Adelson para tratar do tema. Em entrevista ao Valor Econômico
publicada em dezembro, Crivella disse que quer ajuda do governo federal
para liberar os cassinos. “As pessoas sabem que, se não tivermos
emprego, vamos para o caos social. E joga quem quiser”, justificou.
“Lutei
muito no ano passado, não consegui, mas quero que o Bolsonaro me ajude.
Que é [aprovar] uma super licença para termos um cassino. Recebi a
visita do Sheldon Adelson e ele está interessadíssimo. A ideia dele era
comprar [a área do aeroporto] Santos Dumont. Tirei isso da cabeça dele,
para ele comprar o Porto Maravilha. E nós termos aqui um cassino tipo o
que ele fez em Cingapura, onde 5% é o cassino, e tem centro de
exposições, centro de convenções, hotel com duas torres enormes, de 50
metros, e piscina lá em cima. Ele me disse que fatura mais em Cingapura
do que todos os cassinos de Las Vegas. Tá louco para investir.
Compromisso dele: investir 10 bilhões de reais e gerar 50 mil empregos.
Vamos ter aqui um grande empreendimento”, contou ao jornal.
Questionado pelo Estadão sobre o jogo ser pecado para algumas igrejas, o bispo e prefeito completou: “Quem acha que é pecado não deve jogar”.
A Pública solicitou uma entrevista com o prefeito, mas até o fechamento desta reportagem não teve nenhum retorno.
Conforme
apurou a reportagem, o projeto da LVS foi abraçado também pelo
governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC). Antes de anunciar
investimento na Cidade Maravilhosa, no entanto, o grupo tentou negociar
primeiro com o governador do estado de São Paulo, João Doria (PSDB), sem
sucesso. A LVS estava interessada no Complexo do Anhembi, de acordo com
uma fonte que acompanhou as negociações.
O lobby da LVS no Brasil
Não
é de hoje que Adelson faz lobby para legalizar os cassinos no Brasil. O
presidente da Frente Parlamentar Mista em Defesa do Turismo, deputado
federal Herculano Passos (MDB-SP), contou à Pública que
foi convidado para almoço com Sheldon Adelson em Brasília em duas
ocasiões, em 2016 e 2017. “Além de mim, participaram outros
parlamentares e representantes do Poder Executivo”, acrescentou. Segundo
ele, o empresário disse que o grupo LVS tem interesse em abrir três
complexos integrados de lazer com cassinos no país.
Conforme apurou a Pública,
o escritório de advocacia Lowenthal Advogados representa os interesses
da LVS no país e articula com o Congresso Nacional e o governo federal
para que o modelo de cassino integrado a resort seja liberado no país.
Nos
anos 2017 e 2018, os consultores da LVS, Fabio Lowenthal, da Lowenthal
Advogados, e Henry Lowenthal, da GR8 Capital Consultoria Empresarial, se
reuniram pelo menos quatro vezes com representantes do primeiro e
segundo escalão do governo federal.
Todas essas reuniões foram registradas nas agendas oficiais dos respectivos anfitriões. No dia 4 de outubro de 2017, eles se reuniram
com o então secretário adjunto de Planejamento e Assuntos Econômicos,
Júlio Alexandre Menezes da Silva. Em 28 de novembro de 2017, estiveram com a então subchefe de assuntos parlamentares da Secretaria de Governo da Presidência, Mariangela Fialek.
Já em 2018, no dia 28 de fevereiro, eles se encontraram
com o então secretário de Acompanhamento Fiscal, Energia e Loteria do
Ministério de Economia, Mansueto Facundo de Almeida Júnior. Participaram
também dessa reunião a consultora Camila Barbosa, o vice-presidente de
relações governamentais da LVS, Andrew F. Abboud, e o economista e
professor da Fundação Getulio Vargas, Samuel Pessôa. Conforme registrado
na agenda, o assunto da pauta foi: “jogos em complexos de resorts”.
Já
com o ex-presidente do Conselho de Controle de Atividades Financeiras
(Coaf), Antonio Carlos Ferreira de Souza, essa mesma equipe conversou sobre “mecanismo de combate à lavagem de dinheiro nas atividades de jogos de azar”, em 20 de setembro de 2018.
A reportagem da Pública
ligou diversas vezes para a Lowenthal Advogados, mas não conseguiu
falar com Fabio Lowenthal e, apesar de ter deixado recado, não teve
retorno. Um email foi enviado também para o consultor da LVS. A
reportagem não conseguiu contato com Henry Lowenthal nem com Camila
Barbosa. O professor Samuel Pessôa não quis dar entrevista.
A
reportagem solicitou uma entrevista com Sheldon Adelson e enviou uma
série de perguntas à assessoria da LVS no Brasil. Por meio de nota, eles
informaram que “há algum tempo a LVS tem acompanhado as discussões
sobre legalização de jogos no Brasil, tanto na Câmara dos Deputados
quanto no Senado” e que “a LVS entende que o Brasil é um grande destino
turístico com diferentes belezas naturais e o país possui um dos maiores
potenciais turísticos inexplorados do mundo”.
“A LVS
estará pronta para investir no Brasil imediatamente, desde que o
processo de legalização e o arcabouço regulatório sigam os altos padrões
de outras jurisdições como Cingapura, Macau e Nevada, que têm um
ambiente de jogo limitado e estritamente regulado. As discussões que vêm
ocorrendo no Congresso nos últimos anos são muito interessantes para o
Brasil, pois podem atrair um grande investimento internacional para a
construção de novos complexos turísticos espalhados por todo o Brasil.
Esse processo aumentaria o número de turistas internacionais que visitam
o país, colocando o Brasil como um novo destino para as principais
feiras e convenções internacionais (segmento MICE). O resultado desses
novos investimentos no setor de turismo seria a geração de novos
empregos, aumento de renda, novos investimentos internacionais privados,
aumento da receita tributária, aumento do gasto dos turistas no Brasil,
entre outros”, diz a nota.
No Congresso, a “Lei Sheldon Adelson”
A pauta sobre a legalização dos cassinos esquentou este ano no país depois que começou a tramitar na Câmara dos Deputados o Projeto de Lei 530/2019,
de autoria do deputado federal Paulo Azi (DEM-BA), que autoriza a
“exploração, em todo território nacional, de jogos de fortuna
exclusivamente em cassinos estabelecidos em resorts integrados”. É
exatamente o modelo de negócios capitaneado por Sheldon Adelson.
Os
resorts, de acordo com o texto, “são empreendimentos que se compõem de
meios de hospedagem e de um conjunto de instalações, serviços e produtos
voltados ao entretenimento do visitante, tais como centros de
convenções, cassinos, spas, restaurantes, bares, shoppings, galerias de
arte, museus, teatros, espetáculos musicais, campos de golfe, praças
esportivas, parques temáticos e parques aquáticos”.
No
texto do projeto, Paulo Azi justifica que o objetivo da proposta “parte
da premissa que o jogo já existe no Brasil, mas é majoritariamente
ilegal e minoritariamente legalizado por meio de loterias
operacionalizadas pela União (Caixa Econômica)”. Segundo o projeto, o
que se pretende não é criar algo novo, “mas legalizar, regulamentar e
tributar essa parte majoritária, de forma a trazer para a formalidade
uma atividade já em curso, além de fortalecer e dinamizar o turismo no
Brasil”.
Mas o projeto de lei casa tanto com os
interesses e o perfil dos negócios do grupo LVS que a proposta recebeu o
apelido de “Lei Sheldon Adelson”. Além de restringir a legalização do
cassino dentro de resorts, o projeto restringe o número de licenças para
cada cidade: “Um resort cassino por Estado ou no Distrito Federal, com
população até 15 milhões de habitantes; dois resorts cassinos por Estado
ou no Distrito Federal, com população entre 15 quinze e 25 milhões de
habitantes; três resorts cassinos, no máximo, por Estado ou no Distrito
Federal, com população superior a 25 milhões de habitantes”, diz o
texto.
Uma pessoa que acompanha as negociações do grupo no Brasil contou à Pública
que essas foram as duas exigências de Sheldon Adelson: que a
legalização fosse restrita ao modelo de cassinos integrados a resorts e
que o número de licenciamento para cada cidade fosse restrito.
Apesar
de ter se reunido com Sheldon Adelson em duas ocasiões, o deputado
federal Herculano Passos disse que “em momento algum” foi “abordado pelo
empresário, ou quem quer que seja, para apresentar ou intermediar
apresentação de projeto sobre cassinos, apesar de defender a causa”.
“Eu
acredito que, no formato que o projeto principal está, atende
perfeitamente o setor de turismo e, como ele já foi amplamente debatido e
aprovado pela Comissão Especial, indica que não só eu, mas os membros
da Comissão também acreditam no potencial econômico da legalização dos
cassinos no Brasil”, afirmou.
O parlamentar justificou
ainda que, como presidente da Frente Mista em Defesa do Turismo, defende
esse tipo de empreendimento porque “não irá atrair apenas jogadores,
mas visitantes com os mais diversos interesses”.
Para
ele, a lei “movimenta o setor do turismo, da cultura, de eventos,
esporte, comércio, além de toda a cadeia produtiva que gira ao redor
desses segmentos. Cerca de 200 mil brasileiros saem do país para jogar
em cassinos estrangeiros. O que queremos é manter essas pessoas no
Brasil e ainda atrair turistas estrangeiros que venham para jogar, mas
também para conhecer o Brasil e movimentar toda a nossa economia”.
À Pública,
o chefe de gabinete do deputado autor da proposta, Paulo Kauffmann,
negou também que Sheldon Adelson tenha influenciado na elaboração do
texto. “Nós ouvimos todo o setor. O deputado foi a Portugal para
conhecer como funcionava os cassinos em Estoril, esteve nos EUA, esteve
em Cingapura para ver como funcionam os cassinos do Sheldon Adelson lá
em Cingapura. A gente olhou tudo, e é óbvio que você vai precisar de
investidores estrangeiros”, destacou. Mas ele reconhece que a verba para
tais empreendimentos virá de empresas como as de Adelson. “Não tem
investidor nacional para um nível desse. Muito pelo contrário, você quer
buscar os lá de fora para investir aqui dentro, para gerar emprego,
para gerar renda. Não é só o Sheldon que está interessado, tem um grupo
na Europa que está interessado. Quem puder botar euro, botar dólar aqui,
melhor.”
De acordo com a assessoria de comunicação da
LVS no Brasil, existem outros grupos interessados em investir no modelo
de cassinos integrados a resorts no Brasil, como, por exemplo, a MGM
Resorts International e a Caesars Entertainment, também de Las Vegas.
Em entrevista
ao site Games Magazine em 2017, em Brasília, a vice-presidente do grupo
Caesars Entertainment e ex-prefeita de Las Vegas, Jan Jones, afirmou
que o grupo quer investir R$ 7 bilhões em três cassinos integrados a
resorts no país: “Achamos que o Brasil é a maior oportunidade de
expansão no mundo e estamos assistindo e monitorando as discussões da
legislação e oferecendo subsídios técnicos para os parlamentares de
maneira a que eles entendam muito bem o que nossa indústria representa
para a economia”, contou ao site. Ela disse ainda que “todas as
companhias internacionais estão com os olhos abertos para o Brasil”.
“Vejo o Brasil como a última grande fronteira para a indústria de jogos e vamos alcançá-la em breve”, acrescentou.
Lei pode ser votada em setembro
O
chefe de gabinete do deputado Paulo Azi garantiu que a proposta que
prevê a legalização dos cassinos integrados a resorts conta com o apoio
do presidente Jair Bolsonaro (PSL). Segundo ele, o ministro da Economia,
Paulo Guedes,
incentivou o deputado a enviar o projeto ao Congresso. “O deputado
[Paulo Azi] conversou com o ministro Paulo Guedes. O ministro Paulo
Guedes ficou muito entusiasmado. O presidente Bolsonaro, na época da
campanha, recebeu o deputado, eles conversaram sobre isso e ele disse
que gostaria muito que isso viabilizasse”, lembrou. “Outro dia fomos
conversar com Onyx [ministro-chefe da Casa Civil]. Ele é bem favorável.
Chegou inclusive a levar o projeto para o presidente. O presidente
gostou”, acrescentou.
Durante a campanha eleitoral, no entanto, Jair Bolsonaro negou
que legalizaria os cassinos no Brasil: “Eu vou legalizar os cassinos no
Brasil? Dá para acreditar numa mentira dessas? Nós sabemos que o
cassino, aqui no Brasil, se tivesse, ia ser uma grande lavanderia,
serviria para lavar dinheiro e também para destruir as famílias que
muita gente ia se entregar ao jogo e o caos, então, se faria presente
junto ao seio das famílias aqui do Brasil”, disse.
Enquanto
isso, a “Lei Sheldon Adelson” já está pronta para ser votada em
plenário. Mas há uma disputa entre os parlamentares que defendem a
legalização de outros jogos, como bingo e jogo do bicho, e os que querem
apenas a aprovação do modelo de cassinos integrados a resorts. A
proposta de autoria do deputado Paulo Azi foi apensada ao PL 442/1991,
que é mais abrangente e traz regras para outras modalidades de jogos. “O
que vai ser discutido em plenário? Vai depender de quem o presidente da
Câmara vai indicar como relator de plenário. Se for o deputado Paulo
Azi, é evidente que ele vai tentar direcionar e tirar essa parte de jogo
do bicho, caça- níqueis, jogo do bingo, porque a gente não vê nisso
nenhum ganho de emprego. A gente só vê nisso aí uma facilidade para
lavagem de dinheiro. Enquanto você trabalha com resorts integrados, é
muito mais fácil de controlar”, ressaltou Paulo Kauffmann.
Segundo
o presidente da Frente Parlamentar Mista em Defesa do Turismo, na
última semana antes do recesso parlamentar, membros da Comissão de
Turismo se reuniram com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, pedindo
que alguns projetos do setor sejam pautados num esforço concentrado, no
mês de setembro. Entre as propostas, está a legalização dos cassinos.
“No entanto, ainda não há uma confirmação de que o projeto vá para a
pauta”, afirmou Herculano Passos.
Reportagem de Alice Maciel.
Essa
reportagem faz parte do projeto “Transnacionais da Fé”, uma colaboração
de 16 meios latinoamericanos, sob a liderança da Columbia Journalism
Investigations da Escola de Jornalismo da Universidade de Columbia
(Estados Unidos). Os parceiros latinoamericanos são: Agência Pública
(Brasil); El País (Uruguai); CIPER (Chile); El Surtidor (Paraguai); La
República (Peru); Armando.info
(Venezuela); El Tiempo (Colombia); La Voz de Guanacaste e Semanario
Universidad (Costa Rica); El Faro (El Salvador); Nómada e Plaza Pública
(Guatemala); Contracorriente (Honduras); Mexicanos Contra la Corrupción y
la Impunidad (México); Centro Latinoamericano de Investigación
Periodística (CLIP); e Univisión (Estados Unidos).
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Agência Pública
El País
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