Os mercados financeiros reagiram com pânico ante a possibilidade de que o peronismo volte ao poder na Argentina. Um dia após a contundente vitória de Alberto Fernández nas eleições primárias, o peso despencou na abertura do mercado cambial. Uma hora depois, a moeda havia perdido 30% de seu valor. Para comprar um dólar eram necessários 60 pesos, frente aos 45 (ou menos) da última sexta-feira. As ações das empresas argentinas registravam quedas superiores a 50% em Wall Street.
O candidato da peronista Frente de Todos é visto como mais moderado que sua companheira de chapa, a ex-presidenta Cristina Kirchner.
Ainda assim, durante a campanha ele afirmou que seu governo reduzirá a
atual taxa de juros recorde do Banco Central da Argentina (60%) e
buscará uma renegociação do empréstimo de 57 bilhões de dólares (227 bilhões de reais) contraído por Macri ante o Fundo Monetário Internacional (FMI).
A
depreciação do peso se vislumbrava desde cedo, quando os principais
bancos vendiam o dólar a mais de 50 pesos a unidade em suas operações
on-line. Mas a moeda argentina despencou logo que começaram as operações
cambiais, chegando a figurar a 61 pesos em alguns telões.
Em
Wall Street, os papéis argentinos sofriam uma segunda-feira terrível,
em especial os dos bancos e das companhias de energia. As ações do Grupo
Financiero Galicia caíam mais de 57,5%, as do Grupo Supervielle quase
60%, as da Pampa Energía eram negociadas com uma baixa de 43% e as da
YPF com uma queda de 36,7%. A empresa de tecnologia Mercado Libre também
perdia 12%, menos que as demais.
A brusca desvalorização
do peso teve um impacto nas demais economias regionais. Esta manhã, o
real depreciou-se 1,5%, o peso mexicano 1,46% e o peso chileno, 0,85%.
A cotação do dólar
tem uma importância essencial na vida política e econômica argentina. É
a moeda de poupança que os argentinos usam para se protegerem das
crises recorrentes. Seu valor influi muito na inflação,
não só pelo aumento das peças e dos produtos importados, mas porque as
fábricas e lojas aumentam os preços com rapidez para tentar minimizar
possíveis perdas. Nos últimos meses, o Banco Central vendeu dólares para
manter estável o valor da sua divisa. Todos estão atentos à estratégia
que virá nesta fatídica segunda-feira.
conteúdo
Mar Centenera
Buenos Aires
El País
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