O universo inteiro está fervilhando com incontáveis partículas subatômicas que interagem entre si. Suas mãos, por exemplo, possuem zilhões de elétrons que interagem e repelem os zilhões de elétrons que compõem seu mouse que você eventualmente está segurando agora. E isso vale para qualquer coisa.
E há quem diga que essas infinitas
interações entre partículas se assemelha ao funcionamento de um
computador. Essa questão já foi levantada há tempos: o universo que
conhecemos é apenas uma mera simulação computadorizada? Seria eu, você,
os planetas, as estrelas e as galáxias um enorme amontoado de bits (os
famosos ‘zeros’ e ‘uns’ que ‘dão vida’ a um computador? Seria o nosso
universo uma ilusão?
E alguns cientistas dizem que sim. Seth
Loyd, professor de engenharia mecânica no Instituto de Tecnologia de
Massachusetts (MIT), nos EUA, afirma em seu livro Programming the Universe que
“simplesmente por existirem, todos os sistemas físicos registram
informações, e o universo é um grande sistema físico – pelo menos para a
mecânica quântica, a física que governa o mundo do muito pequeno.
A mecânica quântica surgiu no começo do
século passado, e explica o bizarro mundo das partículas subatômicas. É a
física que governa uma terra sem leis, onde uma partícula pode estar em
vários lugares ao mesmo tempo, e se comunicar com uma outra partícula
instantaneamente, mesmo esta estando do outro lado do universo.
A física quântica também fala sobre
informação, ou melhor, sobre quanta informação podemos obter a respeito
de uma determinada partícula. Acontece que se queremos saber a
velocidade de uma partícula, é impossível saber sua posição. Isso
acontece porque um observador (ao observar uma partícula) acaba
alterando seu estado, isto é, é impossível saber como ela era antes de
ser observada. E algum físicos gostam de fazer essa analogia aos
computadores. O processador de um computador processa sequências de zero
e um transformando-as em novas sequências, seguindo um padrão lógico.
No caso da física quântica, as partículas interagem entre si e mudam seu
estado, que pode ser representado pelos qubits (bits quânticos).
Esses bits quânticos são o segredo para a
computação quântica. Ao invés dos bits tradicionais (que podem ser 0 ou
1), os qubits podem ser 0 e 1 ao mesmo tempo, o que resulta em um poder
de processamento muito maior.
Segundo Loyd, o universo é apenas um
complexo computador quântico. E ele até calculou a capacidade
computacional de todo o universo, que é de 1 seguido de 120 zeros, de
acordo com a idade do cosmo (13,7 bilhões de anos).
Para uma civilização suficientemente
inteligente programar o nosso universo inteiro em um computador
quântico, ela precisaria ter todo esse poder computacional. Será que
isso é possível? Provavelmente não, mas esse poder ainda pode ser
reduzido, considerando o fato de que não temos acesso a todas as
informações do universo, isto é, é impossível medir as informações de
átomos que estão em uma galáxia localizada há 10 bilhões de anos-luz de
distância.
“Simular o universo inteiro até o nível
quântico é impraticável”, diz Loyd. “Mas, para obter uma simulação
realista da experiência humana, muito menos é preciso – apenas o que for
necessário para garantir que os humanos simulados, interagindo de
formas humanas normais com seu ambiente simulado, não notem nenhuma
irregularidade. A estrutura microscópica do interior da Terra pode ser
omitida com segurança. Objetos astronômicos distantes podem ter
representações altamente compactadas, e por aí vai.”
E para isso é preciso um poder
computacional muito menor. Talvez até o tenhamos no futuro, e poderemos
dizer se realmente é ou não possível simular um universo em computador
quântico.
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