De quando Temer foi pego com a boca na botija, há 77 dias, até a manhã de quarta (02), o título público mais negociado no mercado (NTN-B 2024) teve uma alta de quase 10%. Isso dá 45% em termos anuais, o que tornou a NTNB-2024 um dos investimentos mais rentáveis do planeta.
Isso não significa que o governo esteja imprimindo dinheiro para comprar o apoio dos “rentistas”. É o contrário. A NTNB sobe justamente quando há confiança de que o governo vai manter os gastos sob controle, de modo a gerar um crescimento sustentável da economia lá na frente.
O governo, porém, virou um monstro de duas cabeças. Uma dessas
cabeças tem o rosto do Meirelles, e o objetivo deixar as contas em
ordem. A outra tem o rosto do Temer, e está liberando dinheiro público a
toque de caixa para pagar pelo apoio que recebeu de metade da câmara.
Temer não tem liberdade para ligar as impressoras de dinheiro, mas pode determinar como uma parte do dinheiro que já existe vai ser gasto.
É aí que entram as “emendas parlamentares”. Trata-se de remendos no orçamento público que os deputados podem pedir ao presidente. Se o deputado tal quiser dinheiro da União para fazer uma ponte superfaturada no seu curral eleitoral, ele pede uma “emenda” no orçamento para incluir a grana da ponte ali. Em troca, vota a favor do governo.
Então. O orçamento federal prevê R$ 6 bilhões para emendas parlamentares neste ano. Só nos últimos 50 dias, Temer gastou R$ 3,9 bi desse bolo em compra de apoio. Parece pouco diante dos R$ 3,5 trilhões do total de gastos da União. Mas não. A maior parte desses gastos é fixa (previdência, salários de servidores…). Só dá para mexer nos trocados.
E aí qualquer bilhãozinho faz a diferença. O novo imposto sobre os combustíveis, por exemplo, surgiu para dar uma folga de R$ 11 bilhões em 2017 – 0,02% do orçamento geral. Os cortes, você sabe, foram profundos a ponto de deixar a Polícia Federal sem dinheiro para confeccionar passaporte.
Numa realidade dessas, em que o Ministério da Fazenda conta as moedinhas, qualquer dinheiro mal gasto abre uma ferida. A grana das emendas parlamentares, distribuída para salvar Temer, não é algo que podemos chamar de dinheiro bem gasto, claro. As feridas que ela deve abrir podem infeccionar. E contaminar de vez o clima de confiança que Meirelles tinha construído.
Temer não tem liberdade para ligar as impressoras de dinheiro, mas pode determinar como uma parte do dinheiro que já existe vai ser gasto.
É aí que entram as “emendas parlamentares”. Trata-se de remendos no orçamento público que os deputados podem pedir ao presidente. Se o deputado tal quiser dinheiro da União para fazer uma ponte superfaturada no seu curral eleitoral, ele pede uma “emenda” no orçamento para incluir a grana da ponte ali. Em troca, vota a favor do governo.
Então. O orçamento federal prevê R$ 6 bilhões para emendas parlamentares neste ano. Só nos últimos 50 dias, Temer gastou R$ 3,9 bi desse bolo em compra de apoio. Parece pouco diante dos R$ 3,5 trilhões do total de gastos da União. Mas não. A maior parte desses gastos é fixa (previdência, salários de servidores…). Só dá para mexer nos trocados.
E aí qualquer bilhãozinho faz a diferença. O novo imposto sobre os combustíveis, por exemplo, surgiu para dar uma folga de R$ 11 bilhões em 2017 – 0,02% do orçamento geral. Os cortes, você sabe, foram profundos a ponto de deixar a Polícia Federal sem dinheiro para confeccionar passaporte.
Numa realidade dessas, em que o Ministério da Fazenda conta as moedinhas, qualquer dinheiro mal gasto abre uma ferida. A grana das emendas parlamentares, distribuída para salvar Temer, não é algo que podemos chamar de dinheiro bem gasto, claro. As feridas que ela deve abrir podem infeccionar. E contaminar de vez o clima de confiança que Meirelles tinha construído.
Alexandre Versignassi
super
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