Saiba o que é a 'famigerada' PEC 241 passo a passo


Você ouviu falar da Proposta de Emenda Constitucional 241. Ela já passou no primeiro turno de votação na Câmara dos Deputados, mas as consequências dela ainda parecem confusas: enquanto uns dizem que a PEC pode tirar o Brasil da crise, outros afirmam que a medida é anticonstitucional - e que vai fazer o país regredir em termos sociais. Seja lá qual for a cor da sua camisa, a gente resume os pontos principais para você:



Cidadão confuso
Ei... Qual é a da PEC dos cortes de gastos? A PEC 241?

Resposta
É uma Proposta de Emenda Constitucional. O objetivo ali é colocar um limite (um teto) nos gastos públicos pelos próximos 20 anos - daí o apelido: PEC do Teto de Gastos.

Cidadão confuso
Mas por que o governo quer fazer isso? 😶

Resposta
O Estado está gastando demais e arrecadando de menos, Não há dúvida: de 2008 a 2015, os gastos cresceram 51% acima da inflação, enquanto a receita (aquilo que é arrecadado pelo Estado na forma de impostos) só aumentou 14,5%. Mais: nossa dívida, em 2014, era de 57% do PIB. No ano passado, fechou em 66%. Entre as 15 maiores economias do mundo, só o México experimentou um salto percentual tão grande. Para pagar os juros dessa dívida, fazemos mais dívida - já que a arrecadação não dá conta, ainda mais com o governo gastando somas cada vez maiores para tocar suas despesas. Na prática, estamos pagando a fatura do cartão de crédito com o cheque especial, e depois cobrindo o buraco do cheque especial com o cartão de crédito. Não faz sentido esperar que o país cresça e gere mais empregos numa situação dessas. A ideia do ministro da Fazenda Henrique Meirelles, então, é quebrar esse ciclo vicioso estancando a sangria nos gastos públicos - coisa que EUA, Japão, Suécia e mais uma penca de países bem-sucedidos já fizeram, e ainda fazem.

Cidadão confuso
Então por que é que tanta gente está criticando a PEC?
Tem muita gente que não tá feliz com isso!

Resposta
A PEC pode limitar os investimentos em duas áreas fundamentais: a educação e a saúde. Esses setores são tão importantes que a grana gasta neles é determinada pela Constituição. Hoje funciona assim: da receita líquida do governo federal (o que sobra depois que ele distribui parte do que ganhou com impostos para os estados e municípios), 13,2% vai direto para a saúde e 18% para educação. Isso não muda. Mas os gastos com educação e saúde vão entrar no teto geral. Se o governo quiser aumentar investimentos nessas áreas (o que é sempre bem vindo), vai ter que reduzir outros custos. Ou seja: será, sim, mais difícil investir mais do que hoje em escolas e hospitais. Para quem é contra a PEC, então, Meirelles está sacrificando o cachorro para acabar com as pulgas, vendendo o carro para comprar gasolina, matando a vaca para exterminar o carrapato.

Cidadão confuso
O que mais a PEC faz?

Resposta
Ela também limita os gastos do governo com funcionários e inibe a criação de cargos públicos - vamos ver menos concursos para juízes, diplomatas, auditores fiscais... A tendência é que contratem basicamente para substituir concursados que se aposentem. Ou morram. Num país onde um e cada cinco assalariados é funcionário público, isso é um assunto mais sério do que parece.

Cidadão confuso
O que não entra na PEC, no fim das contas?

Resposta
O principal é a previdência. Hoje, ela representa um dos custos mais altos para o governo. É por isso, segundo Temer, que a reforma da previdência vai ser tratada separadamente, com medidas que ainda vão ser anunciadas (ou seja, ninguém sabe direito o que fazer). Fora isso, outras exceções incluem os repasses que o Governo Federal faz aos estados e municípios, as despesas com a polícia no Distrito Federal e os custos que a Justiça Eleitoral tem com as eleições.

Cidadão confuso
O que falta para que a PEC seja aprovada?

Resposta
O texto da emenda já passou por uma votação na Câmara.
Agora, falta ser aprovado mais uma vez por lá e em mais duas votações no Senado. Mesma carga de votações que o Impeachment demandou.

Cidadão confuso
Última pergunta: se essa PEC for aprovada, quando entra em vigor?

Resposta
Se passar por todas essas votações, a PEC vai ser publicada no Diário Oficial e passa a valer no mesmo dia como parte da Constituição - mas na prática, é só no próximo ano que vamos sentir os efeitos. Os gastos de 2016 serão fechados, atualizados de acordo com a inflação e usados como teto para o orçamento de 2017. Em 2018, a mesma coisa, usando os custos de 2017 como base. E assim por diante. Isso, no mínimo, pelos próximos dez anos, quando o teto volta a ser examinado pelo governo - podendo ou não ser prorrogado por mais dez anos. Quer dizer: a brincadeira pode durar até 2037.

Por Ana Carolina Leonardi
Helô D'Angelo  
Editado por Alexandre Versignassi
super 

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