O deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que pode ser cassado nesta segunda-feira, perdendo assim os direitos políticos e também o foro privilegiado, concedeu uma entrevista à jornalista Daniela Lima (leia aqui), em que manda um recado para seus pares: "quem julga, será julgado".
"Se cassarem um
ex-presidente da Câmara com uma situação absurda, tendo um processo
judicial em curso, amanhã não poderão cassar qualquer um? Isso é ameaça
ou é constatação? Falam que fiz ameaça quando disse que mais de 160
parlamentares estão sob investigação, com inquérito, processo. Se eles
forem julgados pelo texto da acusação, não vai sobrar ninguém", diz ele.
Cunha afirma, ainda, que sua cassação reforçará o discurso de que a presidente Dilma Rousseff foi vítima de um golpe. "O
discurso do golpe precisa da minha cassação, vai dar munição para eles
dizerem que o processo é tão deturpado que quem autorizou a abertura do
impeachment foi cassado. Para eles, essa é uma luta de vida ou morte.
Sou o principal inimigo deles, o algoz. Existe um espírito de vingança e
eles querem consumar na votação. Não tenha dúvida: a minha cassação vai
representar o fortalecimento do discurso do golpe."
Temer refém do PSDB
Ele também afirmou que Michel Temer hoje está numa armadilha e é refém das forças derrotadas na eleição presidencial de 2014. "Quando
você quer fazer o programa do PSDB e do DEM, passa a impressão de que
quem está governando é o PSDB e o DEM. De uma certa forma, está trazendo
para si a falta de representatividade. Os que votaram em você não
reconhecem isso e aqueles que votaram no programa PSDB/DEM não entendem
que o Michel é o representante legítimo para exercer isso. Nessas
circunstâncias, ele está numa armadilha."
Essa armadilha coloca os tucanos numa posição confortável, avalia Cunha. "O
PSDB adotou essa posição de censor depois que se divulgou a ideia de
que o Michel poderia ser candidato à reeleição. Eles ficaram com a
desconfiança. Não vão ser sócios de um governo que dê certo, porque se
der certo o candidato é o Michel. Se der errado, serão partícipes do
fracasso. Então eles vão ficar nessa posição. Votam o que for de
interesse deles e criticam o que não for. Demarcaram uma diferença."
Ele também voltou a negar a possibilidade de delação premiada e prometeu escrever um livro sobre o processo de impeachment.
Brasil 247
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