Depois
de uma mudança na página inicial que foi um fiasco, milhares de usuário
ameaçaram sair do Facebook. Veja como a plataforma se transformou desde
então.
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É bem capaz que você faça parte do grupo de 65% das pessoas que usam o Facebook para se informar e encontrar notícias - inclusive, é possível que tenha chegado até aqui através dessa rede social. Mas isso não seria possível sem o Feed de Notícias.
Antes do Feed de Notícias, não dava para "zapear" pelo Facebook. Se você queria saber algo de um amigo, precisava ir até a página dele. Ou seja, era melhor ficar no Orkut - e foi exatamente o que a gente fez, pelo menos no Brasil.
Foi para que você passasse mais tempo na plataforma que a equipe do Facebook pensou o Feed. Assim, além de olhar notificações e as mensagens no seu Mural (a Linha do Tempo também não existia), você ainda espiava um pouquinho da vida alheia, sem nenhum esforço e ia ficando por lá.
O lançamento do Feed, na madrugada de 6 de setembro de 2006, foi comemorado com champanhe, como lembrou a engenheira Ruchi Sanghvi... Daí veio o desastre. As pessoas chegaram a acampar do lado de fora do Facebook para protestar contra a novidade, fazendo a equipe sair de fininho pela porta dos fundos.
Só que, como você sabe hoje em dia, a desorkutização do Facebook funcionou e muito. O efeito foi imediato, ainda que confuso. Sanghvi conta que a estimativa é que 10% dos usuários estavam ameaçando ir embora do Facebook. Só que fizeram isso criando grupos contrários ao novo NewsFeed e conhecendo novas pessoas na plataforma que também odiaram a mudança... E o engajamento dobrou. Mais de 10 milhões de pessoas estavam passando cada vez mais tempo logadas na plataforma.
No fim das contas, a conclusão de Ruchi é que o time de quatro pessoas responsável pelo Feed conseguiu elaborar "jornais" personalizados, em um dos maiores sistemas de distribuição de conteúdo em tempo real já construídos.
Aí o Facebook se tornou a "banca de jornal do mundo": o Feed abriu espaço para que os usuários recebessem atualizações em tempo real de conteúdos externos, como revistas e jornais, sem precisar ir atrás de cada veículo específico. A mesma coisa vale para as cibercelebridades - não dava para "viralizar" no Facebook se as outras pessoas precisavam ir até a sua página para saber se você escreveu aquele texto polêmico ou postou um meme engraçado.
E a nossa forma de interagir com as mudanças do Facebook não mudou. Por 3 anos, o Feed de Notícias foi cronológico. Aí, em 2009, o famoso e misterioso "algoritmo do Facebook" passou a priorizar alguns conteúdos dentro das páginas dos usuários. Foi o inferno de novo, dessa vez com 750 milhões de usuários revoltados. "O Facebook decidiu incorretamente que algum algoritmo entende melhor o que eu quero do que eu", disse um dos comentaristas. Esperamos que ele não tenha surtado nos 7 anos que se passaram, já que os algoritmos dominaram a internet e hoje estruturam a realidade online ao redor das nossas preferências, do Netflix ao Instagram. Em certa medida, eles entendem sim o que queremos melhor do que nós mesmos.
As mudanças seguintes do Facebook continuaram a sofrer uma resistência enorme dos usuários: em 2011, o Mural morreu. A página "10 milhões contra a Linha do Tempo" ainda existe, apesar de ter hoje menos de 2.500 curtidas. Só que a Linha do Tempo mudou a forma como nós mesmos visualizamos nosso perfil. Antes, ele trazia algumas informações "imutáveis" sobre você. Depois, se tornou muito mais visual e cronológico: de repente, o Facebook se tornou a autobiografia que você escreve diariamente.
O curioso é que, uma vez que essas mudanças são aceitas, parece que sempre estiveram ali - quando na verdade, elas têm um impacto enorme sobre a forma como produzimos e consumimos informação.
Por Ana Carolina Leonardi
Editado por Bruno Garattoni
super
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