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Não
é piada, é sério. Um estudo feito por pesquisadores de Harvard e
Stanford mostram por que é preciso tomar muito cuidado quando se lê
notícias sobre saúde fora de contexto.
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Café causa câncer. Café cura câncer. Causa, cura, causa, cura, causa, cura...
Eu sei. Está confuso acompanhar as pesquisas sobre a relação entre os alimentos e a saúde. A cada dia bomba no Facebook uma manchete diferente, muitas vezes em direta contradição com a manchete anterior (e sim, algumas dessas manchetes saem aqui também). E, enquanto isso, café, ovo, bacon, manteiga, soja, queijo, sal, óleo vão revezando-se nos papéis de herói e vilão, para nossa confusão.
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O que os cientistas conseguiram mostrar é que pontinhos individuais no gráfico não significam praticamente nada. A imensa maioria das pesquisas mostram que comer cebola reduz a incidência de câncer - e, no entanto, é possível encontrar uma pesquisa que mostra que ela aumenta muito esse risco. Se pegarmos pesquisas isoladas, é possível afirmar que praticamente todas as comidas causam câncer - e também que todas as comidas curam câncer (a tabela mostra apenas os alimentos sobre os quais se encontrou dez pesquisas ou mais).
O objetivo do estudo não é mostrar que pesquisas científicas são inúteis, claro. Elas não são. Ao longo dos anos, vários pontinhos individuais vão se acumulando, e padrões vão aparecendo. Por exemplo, olhando o gráfico acima fica fácil constatar que azeite de oliva, cenoura e tomate pelo jeito protegem mesmo contra o câncer - enquanto que bacon, açúcar e pão parecem ser nocivos. O problema é que cada bolinha do gráfico é anunciada pela mídia como se fosse a verdade inteira, sem contextualização nem análise crítica. E isso não é culpa só dos jornalistas. Os cientistas também têm uma tendência de fazer afirmações bombásticas - porque sabem que dessa maneira seu trabalho repercute mais.
Aqui, sabemos que o público adora sair clicando na última novidade, tipo manteiga não causa mais infarto, ovo não é mais ruim para o colesterol, ou água emagrece - e certamente não resistimos à tentação de oferecer essas coisas. Tentamos ao menos incluir nos textos um pouquinho de contextualização, mostrando como cada pesquisa é feita e comparando os resultados com estudos anteriores. Mas quer um conselho? Não confie demais em ninguém, nem mesmo em nós. Procure ler o maior número possível de pesquisas e tente não se influenciar demais por dados tirados do contexto. Em ciência, nada é definitivo. E, por via das dúvidas, tente não exagerar com nada - vai saber o que vão descobrir amanhã sobre os seus hábitos de hoje...
Denis Russo Burgierman
super
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