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Michel Onfray |
Depois de defender a "morte de Deus" em Tratado de Ateologia, o filósofo francês Michel Onfray ataca agora Freud em Le Créspucule d'une Idole ("Crepúsculo de um Ídolo", sem tradução para o português). Nele, atribui à psicanálise o efeito placebo e ao psicanalista, o charlatanismo - o que lhe rendeu um abaixo-assinado pelo fim de suas audioaulas numa rádio, acusações de nazismo e insinuações sobre sua sexualidade.
Para você, que aspectos de Freud o caracterizariam como um "charlatão"?
Toda
a vida de Freud foi uma fábula criada para sustentar que a psicanálise é
uma ciência que trata e cura. Basta apontar suas inúmeras mentiras, sua
vontade de destruir anotações e arquivos e de dar sumiço às suas
correspondências para, assim, deixar como a única versão de sua epopeia
aquilo que ele propôs em suas autobiografias Minha Vida e a Psicanálise e
Contribuição à História da Psicanálise.
O que ele omitiu em suas autobiografias?
Não
vemos jamais menções aos seus erros médicos, dos quais alguns levaram a
mortes, como a do médico Fleischl von Marxow [amigo a quem Freud
receitou cocaína para aliviar o vício de morfina]. Ele também inventou
casos inexistentes e apresentou outros de cura que jamais se
concretizaram. O mais evidente de todos é o de Sergei Pankejeff, o
"homem dos lobos". Freud diz tê-lo curado em 1918. Mas esse homem, já
octogenário, continuava com suas sessões de terapia em 1974.
Mas, se Freud era um charlatão, por que tanta gente diz ter melhorado com a terapia que ele desenvolveu?
Por
puro e simples efeito placebo. [Essa cura] é como a de um curandeiro,
de um bruxo, de um exorcista. Só muda a roupagem. Estudos científicos
comprovam que o efeito placebo é 30% do efeito de uma substância dita
alopática. Se a psicanálise obtivesse esse tipo de resultado, já seria
muito.
A psicanalista Elisabeth Roudinesco diz que sua obra busca prejudicar 8 milhões de franceses em terapia.
A
sra. Roudinesco mente há muito. Mesmo raspando o fundo da gaveta,
existem na França somente 2 mil analistas. Com 20 pacientes por
analista, temos 40 mil pessoas em análise. Para as psicoterapias, uma
enquete concluiu que 41% dos pacientes ignoram a escola à qual pertencem
seus psicoterapeutas, 20% seguem terapia comportamental e cognitiva, e
apenas 12% a psicanálise.
A psicanálise, então, não seria uma ciência?
Seria
na mesma medida em que a ufologia estuda os discos voadores. A
psicanálise é uma parapsicologia, o que Freud deixa transparecer no
título de seu livro Metapsicologia. Basta um pouco de reflexão sobre o
significado dessa palavra inventada por ele.
E em que sentido ela se compara à religião?
Freud
se apoia em transmissões imateriais de geração em geração, da mais
antiga Pré-História até os dias de hoje. É assim com o complexo de
Édipo, a morte do pai, o banquete canibal... Para ele, tudo isso seria
inexplicavelmente inscrito e transmitido no inconsciente de cada um de
nós. Para Freud, esse mundo superior do inconsciente filogenético prova a
verdade de um mundo superior. Daí o porquê de ser uma religião.
Na sua opinião terapia cura?
Sim, existe a psicanálise não freudiana - tema do meu próximo livro.
por Luiza Sodrésuper
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