Os perigosos caminhos do ódio
O desespero da Direita, já exposto sem nenhum constrangimento pela chamada Grande Imprensa, ante a possibilidade do ex-presidente Lula voltar ao Palácio do Planalto, está atingindo níveis extremamente perigosos, com a disseminação do ódio e a incitação à violência ameaçando causar vítimas fatais e até uma possível guerra civil. Em princípio pode até parecer exagero, mas depois da posição explícita da “Folha de São Paulo”, pregando a eliminação de Lula do cenário político, e da Rádio Atlântida FM, do Grupo RBS do Rio Grande do Sul, incitando o ódio mediante uma cusparada no ex-presidente, impossível prever a atitude de pessoas que, influenciadas pela campanha odienta da mídia, decidam agir com violência contra os petistas, convencidas de que estarão prestando um serviço ao país.
Os registros de violência contra pessoas ligadas ao governo ou ao PT estão ficando mais frequentes, prenunciando episódios mais graves dentro em breve caso não haja uma providência efetiva para conter essa campanha de ódio na mídia e também nas redes sociais. Recorde-se que os ex-ministros Guido Mantega e Padilha, entre outros, já foram hostilizados em hospital e restaurante, e até o compositor Chico Buarque de Holanda, um dos ídolos da música popular brasileira, também foi agredido verbalmente apenas por manifestar simpatia à presidenta Dilma Roussef. Antes disso, há um tempo atrás, um homem influenciado pelo noticiário tendencioso viajou do Paraná a Brasilia para agredir a bengaladas, no Congresso Nacional, o então deputado José Dirceu. E se ao invés de uma bengala ele portasse um revólver?
Não confiando apenas na eficiência do seu noticiário oposicionista, a “Folha” resolveu usar o sistema de mala direta em sua campanha contra o governo e contra o ex-presidente, distribuindo mensagem aos seus assinantes sugerindo que “a luta de Lula pela sobrevivência política agravaria a crise econômica”. Na mensagem o editor-executivo Sérgio Dávila faz referência ao artigo do colunista Sérgio Malbergier, que afirma que "ele (Lula) vai colocar seu bloco na rua, mesmo gerando mais instabilidade política e turbulência econômica”. E conclui perguntando: ”Adivinhe quem é que vai pagar a conta?” Malbergier, porém, não explica por que a presença do ex-presidente na cena política agravaria a crise econômica e muito menos por que o povo pagaria a conta. Que conta? Obviamente é uma grande bobagem, à falta de algo melhor para dizer, mas para o leitor já envenenado pelo ódio Lula passa a ser o grande vilão, responsável por suas dificuldades.
Na verdade, estamos assistindo, estarrecidos, em pleno século XXI, a uma verdadeira caçada ao ex-presidente operário, caçada que não se restringe à mídia pois conta, também, com a participação de parte do Judiciário. As Operações Lava-Jato e Zelotes estão, desde o seu início, no encalço de Lula, dirigindo suas investigações, numa busca desesperada, para encontrar algo que possa incriminá-lo, com o acompanhamento dos jornalões do eixo Rio-São Paulo, que escandalizam em manchete qualquer coisa que possa contribuir para destruí-lo. A mais recente investida está voltada para o edifício Solaris, no Guarujá, onde se esforçam para provar que um dos apartamentos pertenceria ao ex-presidente, que já foi inclusive intimado a prestar depoimento, como investigado, mesmo não existindo nenhuma indício sobre a sua propriedade.
Não satisfeitos com a história do tríplex, ou talvez porque estão conscientes de que não existe absolutamente nada que possa incriminar Lula, os investigadores resolveram agora sair atrás de uma canoa que ele usava para pescar no lago do sitio de Atibaia. Daqui a pouco vão querer descobrir se ele comprou algum penico. Será que um ex-presidente não tem condições para comprar nada? Para os caçadores, a palavra de um delator, corrupto confesso, tem mais validade do que a do ex-presidente, que já negou veementemente a propriedade do imóvel. O mesmo critério, porém, não é usado com o ex-presidente Fernando Henrique que, acusado por um delator de ter recebido R$ 100 milhões de propina, bastou negar para ser esquecido. Já pensaram se essa acusação fosse ao ex-presidente operário? A chamada Grande Imprensa, porém, em especial a revista “Veja”, já julgou e condenou Lula, só faltando agora apresentar alguma infração que convença o povo da sua culpa. Não é difícil perceber que a mídia e setores do Judiciário estão de braços dados nessa cruzada odiosa.
Um observador isento e mais atento concluirá, sem dificuldade, que a obsessão pela eliminação de Lula do cenário político revela o temor da Direita, representada pelos tucanos e pela mídia, de não conseguir vencê-lo em eleições livres e limpas. Melhor, portanto, tirá-lo de circulação antes das eleições municipais deste ano, quando ele poderá se fortalecer para a disputa presidencial de 2018. Daí a intensificação da campanha midiática e a luta dos investigadores da Lava-Jato e da Zelotes para descobrir alguma coisa que possa justificar a sua prisão. Os interesses em jogo, porém, todo mundo sabe, não se limitam às forças internas, pois além fronteiras também existem poderosos grupos há tempos de olho grande em nossas riquezas naturais. E eles sabem que com Lula no Planalto será praticamente impossível meter a mão grande em nosso patrimônio, como fizeram no governo FHC.
Os que disseminam, na mídia e nas redes sociais, o ódio contra Lula e os petistas, talvez ainda não se deram conta de que estão brincando com fogo. Difícil prever a reação dos mais de 50 milhões de brasileiros que votaram no PT, idolatram Lula e não se deixam influenciar por essa campanha e que podem partir para um confronto, como já se percebe nas redes sociais. Alguns repórteres, em plena atividade profissional, já foram hostilizados em manifestações de rua, onde houve até a tentativa de depredar um veículo da televisão. Qualquer agressão a Lula (os seus eleitores também vão se considerar agredidos) pode desencadear manifestações mais violentas, com vítimas fatais. E não será difícil identificar os responsáveis entre os que disseminam o ódio e estimulam a violência no Brasil, um país até então considerado pacifista por conta da índole pacífica do seu povo, resultado da mistura de diversas raças. Até os estrangeiros que aqui aportam em busca de paz e são bem acolhidos, reconhecem o espírito fraterno do brasileiro. Lamentavelmente, porém, querem mudar o perfil ordeiro do nosso povo, envenenando-o pelo ódio gratuito.
Ribamar Fonseca
Brasil 247
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