Eleitores do Estado de Iowa dão
nesta segunda-feira o pontapé inicial no processo que definirá os
candidatos à próxima eleição presidencial americana, em novembro.
As
prévias se encerram em junho, quando os políticos escolhidos para
representar os partidos Democrata e Republicano passam a disputar entre
si. Elaboramos uma lista com dez pontos para entender e
acompanhar a escolha do sucessor do presidente Barack Obama.1. Quem são os principais candidatos
RepublicanosDonald Trump: O megaempresário é hoje o candidato preferido de 41% dos Republicanos, segundo a última pesquisa da CNN. Entre suas principais propostas estão construir um muro na fronteira com o México, barrar temporariamente a entrada de muçulmanos e ampliar as taxas sobre produtos chineses.Ted Cruz: Filho de um pastor evangélico cubano, o senador pelo Texas conta hoje com 19% das intenções de voto entre os Republicanos. Suas principais bandeiras incluem bombardear as áreas controladas pelo grupo Estado Islâmico, acabar com os subsídios federais a planos de saúde e reduzir o imposto de renda.
Marco Rubio: Filho de cubanos, o senador pela Flórida tem hoje 8% dos votos entre os eleitores do partido. Ele diz que, se eleito, ampliará os gastos com defesa, reduzirá impostos e flexibilizará as leis trabalhistas. Muitos analistas o consideram o candidato Republicano mais competitivo.
Democratas
Hillary Clinton: A ex-secretária de Estado e ex-primeira dama tem
hoje 52% das intenções de voto entre os eleitores Democratas. Hillary se
apresenta como a sucessora natural de Obama, prometendo aumentar os
salários da classe trabalhadora, investir em infraestrutura e combater
as mortes por armas de fogo.
Bernie Sanders: O senador por Vermont, que se define como socialista, conta hoje com 38% das preferências dos eleitores do partido. Sanders tem, entre suas principais bandeiras, ampliar o controle sobre os bancos, universalizar o sistema de saúde e reduzir a influência política de lobistas e grandes doadores.
Nas primárias, adotadas por 40 dos 50 Estados, os partidos Democrata e Republicano realizam votações secretas para escolher os candidatos.
Em alguns Estados, as primárias de cada partido se restringem a eleitores cadastrados nessas agremiações; em outros, são abertas a todos os eleitores.
No "caucus", eleitores se manifestam publicamente sobre suas preferências, levantando as mãos ou se dividindo em grupos. Em geral, só eleitores cadastrados nos partidos podem participar da escolha.
Os resultados nos dois Estados têm muito impacto no resto da campanha, já que podem enterrar candidaturas e dar grande impulso aos vencedores.
Encerrada a fase das primárias, os candidatos vitoriosos passam a enfocar os chamados "Estados-pêndulos", onde a disputa entre Republicanos e Democratas costuma ser mais equilibrada.
Ao priorizar esses locais, eles tendem a deixar de lado Estados muito identificados com um dos dois partidos. Para um candidato Democrata, por exemplo, fazer campanha em Oklahoma pode não ser tão vantajoso, já que o Estado costuma dar largas vitórias ao partido rival. Alguns dos principais Estados-pêndulo são Flórida, Virgínia, Colorado e Pensilvânia.
Neste ano, a "Superterça" ocorrerá em 1 de junho. Além de ter grande impacto no resultado final das primárias, a maratona de votações é considerada o primeiro grande teste nacional enfrentado pelos pré-candidatos.
Em 48 dos 50 Estados americanos (as exceções são Maine e Nebraska), o candidato vitorioso recebe todos os votos dos delegados desses Estados. Ganha a votação o candidato que somar ao menos 270 delegados.
Isso ocorre porque, mesmo ao derrotar o rival por uma margem mínima de votos num Estado, o candidato vitorioso fica com todos os seus delegados eleitorais.
O último caso ocorreu em 2000, na releeição de George W. Bush, que assumiu o posto mesmo tendo recebido 540 mil votos a menos na contagem geral que seu concorrente Democrata, Al Gore.
Leia também: Usuários temem maconha transgênica e com agrotóxico nos EUA
Certos Estados permitem que o registro ocorra no dia da eleição, mas outros adotam regras que, segundo analistas, desencorajam a votação e discriminam minorias. Alguns Estados proíbem, por exemplo, que grupos (partidários ou não) promovam campanhas para registrar eleitores, prática especialmente comum em comunidades pobres.
Nos últimos anos, alguns Estados postergaram o início do horário da votação. Segundo ativistas, a decisão cria dificuldades para igrejas frequentadas por negros, que costumam organizar excursões para levar seus fiéis às urnas após o culto matinal.
Mas os territórios participam das primárias e ajudam a definir os candidatos que concorrem à Presidência.
Na eleição de 2000, o candidato do Partido Verde, Ralph Nader, recebeu 97 mil votos na Flórida. Como Bush venceu Al Gore naquele Estado por apenas 537 votos de diferença, alguns atribuíram sua vitória à participação de Nader, que teria "roubado" votos do Democrata. Se Bush não tivesse vencido na Flórida, Gore teria conquistado a Presidência.
Em tese, PACs (comitês de ação política) são comitês independentes articulados para promover causas, candidatos ou projetos legislativos. Na prática, têm sido usados pelos candidatos para arrecadar quantias ilimitadas de dinheiro, driblando as normas que limitam a US$ 2.700 (R$ 10,7 mil) as doações individuais feitas diretamente às campanhas.
Entre os principais competidores deste ano, apenas o democrata Bernie Sanders e o republicano Donald Trump dizem competir sem o apoio de Super PACs. Enquanto Sanders tem contato com pequenas doações de eleitores, Trump tem recorrido à própria fortuna para financiar suas atividades.
Bernie Sanders: O senador por Vermont, que se define como socialista, conta hoje com 38% das preferências dos eleitores do partido. Sanders tem, entre suas principais bandeiras, ampliar o controle sobre os bancos, universalizar o sistema de saúde e reduzir a influência política de lobistas e grandes doadores.
2. Primárias X 'caucuses'
Estados adotam dois sistemas distintos para escolher seus candidatos nas prévias: as primárias e os "caucuses" (convenções partidárias).Nas primárias, adotadas por 40 dos 50 Estados, os partidos Democrata e Republicano realizam votações secretas para escolher os candidatos.
Em alguns Estados, as primárias de cada partido se restringem a eleitores cadastrados nessas agremiações; em outros, são abertas a todos os eleitores.
No "caucus", eleitores se manifestam publicamente sobre suas preferências, levantando as mãos ou se dividindo em grupos. Em geral, só eleitores cadastrados nos partidos podem participar da escolha.
3. Alguns Estados recebem atenção desproporcional
Primeiros Estados a realizar prévias, Iowa e New Hampshire somam apenas 1,6% da população americana, mas é lá que os pré-candidatos passam grande parte do início da corrida eleitoral.Os resultados nos dois Estados têm muito impacto no resto da campanha, já que podem enterrar candidaturas e dar grande impulso aos vencedores.
Encerrada a fase das primárias, os candidatos vitoriosos passam a enfocar os chamados "Estados-pêndulos", onde a disputa entre Republicanos e Democratas costuma ser mais equilibrada.
Ao priorizar esses locais, eles tendem a deixar de lado Estados muito identificados com um dos dois partidos. Para um candidato Democrata, por exemplo, fazer campanha em Oklahoma pode não ser tão vantajoso, já que o Estado costuma dar largas vitórias ao partido rival. Alguns dos principais Estados-pêndulo são Flórida, Virgínia, Colorado e Pensilvânia.
4. A importância da 'Superterça'
As prévias se encerram em junho, mas geralmente o momento mais importante do processo ocorre em fevereiro ou março, quando praticamente metade dos Estados realiza suas consultas num único dia, uma terça-feira.Neste ano, a "Superterça" ocorrerá em 1 de junho. Além de ter grande impacto no resultado final das primárias, a maratona de votações é considerada o primeiro grande teste nacional enfrentado pelos pré-candidatos.
5. A eleição é indireta
A eleição presidencial nos EUA é indireta, realizada por 538 delegados eleitorais, distribuídos pelos Estados conforme sua população.Em 48 dos 50 Estados americanos (as exceções são Maine e Nebraska), o candidato vitorioso recebe todos os votos dos delegados desses Estados. Ganha a votação o candidato que somar ao menos 270 delegados.
6. Nem sempre o vitorioso é o mais votado
Segundo o site FactCheck.org, ao menos quatro vezes os EUA elegeram presidentes que não tiveram a maioria dos votos.Isso ocorre porque, mesmo ao derrotar o rival por uma margem mínima de votos num Estado, o candidato vitorioso fica com todos os seus delegados eleitorais.
O último caso ocorreu em 2000, na releeição de George W. Bush, que assumiu o posto mesmo tendo recebido 540 mil votos a menos na contagem geral que seu concorrente Democrata, Al Gore.
Leia também: Usuários temem maconha transgênica e com agrotóxico nos EUA
7. Votar pode ser complexo
O voto é facultativo nos EUA, e eleitores que queiram participar do pleito precisam se registrar (exceto na Dakota do Norte).Certos Estados permitem que o registro ocorra no dia da eleição, mas outros adotam regras que, segundo analistas, desencorajam a votação e discriminam minorias. Alguns Estados proíbem, por exemplo, que grupos (partidários ou não) promovam campanhas para registrar eleitores, prática especialmente comum em comunidades pobres.
Nos últimos anos, alguns Estados postergaram o início do horário da votação. Segundo ativistas, a decisão cria dificuldades para igrejas frequentadas por negros, que costumam organizar excursões para levar seus fiéis às urnas após o culto matinal.
8. Nem todos os americanos podem votar
Embora sejam cidadãos americanos, os cerca de 4 milhões de habitantes dos territórios de Porto Rico, Guam, Ilhas Virgens Americanas, Ilhas Mariana e Samoa Americana não têm o direito de votar para presidente, já que esses territórios não têm delegados no Colégio Eleitoral.Mas os territórios participam das primárias e ajudam a definir os candidatos que concorrem à Presidência.
9. Há vários candidatos desconhecidos
Os candidatos Democrata e Republicano concentram as atenções na eleição, mas não são os únicos concorrentes. Vários candidatos costumam se lançar por outros partidos ou como candidatos independentes. Às vezes, eles influenciam no resultado final.Na eleição de 2000, o candidato do Partido Verde, Ralph Nader, recebeu 97 mil votos na Flórida. Como Bush venceu Al Gore naquele Estado por apenas 537 votos de diferença, alguns atribuíram sua vitória à participação de Nader, que teria "roubado" votos do Democrata. Se Bush não tivesse vencido na Flórida, Gore teria conquistado a Presidência.
10. As campanhas são bilionárias
Na eleição de 2012, os chamados "Super PACs" arrecadaram US$ 828 milhões (R$ 3,3 bilhões) para atividades de campanha.Em tese, PACs (comitês de ação política) são comitês independentes articulados para promover causas, candidatos ou projetos legislativos. Na prática, têm sido usados pelos candidatos para arrecadar quantias ilimitadas de dinheiro, driblando as normas que limitam a US$ 2.700 (R$ 10,7 mil) as doações individuais feitas diretamente às campanhas.
Entre os principais competidores deste ano, apenas o democrata Bernie Sanders e o republicano Donald Trump dizem competir sem o apoio de Super PACs. Enquanto Sanders tem contato com pequenas doações de eleitores, Trump tem recorrido à própria fortuna para financiar suas atividades.
João Fellet
BBC Brasil em Washington
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