Você provavelmente viu, em seu
Facebook, posts de amigos com um texto afirmando que a rede social
cobraria 5,99 libras (R$ 36) para manter o seu perfil na rede privado,
caso esta mensagem não fosse publicada nele. O texto é um boato
recorrente no site, que volta a ganhar força de tempos em tempos.
No
início de 2013, uma mensagem semelhante falava em uma taxa de US$ 9,90.
Em maio do mesmo ano, o valor já seria 4,5 euros. E apesar de o texto
atual falar em 5,99 libras, o texto em inglês, que circula entre
americanos, traz o mesmo valor em dólares. Desta vez, o Facebook
aproveitou a notícia sobre a descoberta de provas da existência de água
em Marte para responder aos rumores de forma bem-humorada."Embora possa haver água em Marte, não acredite em tudo que você lê na internet. O Facebook é gratuito e continuará assim", disse a empresa.
Ao mesmo tempo, outro texto conhecido dos usuários voltou a circular. Ele afirma que a publicação da mensagem, em linguagem jurídica, evita que o Facebook use os dados do usuário comercialmente. O boato já foi respondido pela empresa em 2012, negando que a mensagem tenha algum efeito.
Mas a quem estes boatos servem? E como evitar cair neles?
Segundo Thiago Tavares, especialista em Direito da Informática e presidente da ONG Safernet, esse tipo de mensagem costuma mobilizar pessoas que se preocupam com a privacidade de seus dados na rede, mas geralmente estão associados a experimentos de engenharia social – truques usados por pessoas que tentam obter dinheiro com o aumento da audiência em seus sites e perfis.
"Se a mensagem tiver algum link associado ao texto, esse link será divulgado, o que aumenta o número de acessos. E pode até ser um link malicioso, um vírus", disse à BBC Brasil.
"Mas esse tipo de mensagem que pede para 'copiar e colar' o conteúdo no seu perfil pode ser um ensaio de algo que está por vir. Por exemplo, quando já houver um número suficiente de usuários mobilizados em torno do assunto, o autor do boato pode disparar uma mensagem com link do tipo 'instale esse plugin para proteger seus dados no Facebook'."
Confira algumas dicas para evitar ser enganado:
1. Pergunte de onde veio a informação
A maior parte das mensagens que contêm boatos não cita nenhum tipo de fonte da notícia você possa verificar por si mesmo. Segundo Tavares, isso geralmente é um forte indício de que o conteúdo do texto é falso."Sempre devemos desconfiar. É importante saber se aquela informação foi checada ou validada por uma instituição que trabalha com o assunto ou pela imprensa que faz um trabalho de checagem. A coisa mais fácil na internet é espalhar um boato."
O ideal, de acordo com o especialista, é evitar clicar em links que estejam na mensagem. Procure a informação em outros sites ou portais de notícias em que confie, evitando blogs e sites duvidosos.
No caso de mensagens sobre possíveis cobranças do Facebook, é importante lembrar que uma empresa desse porte dificilmente faria mudança tão importante sem anunciá-la em seus canais oficiais – em seu perfil oficial no site, por exemplo – ou em meios de comunicação.
"Nenhuma grande plataforma de internet arriscou cobrar uma tarifa para um usuário até agora", diz Tavares.
Outra opção é checar detalhes citados no texto, como números e leis. A mensagem "jurídica" sobre a privacidade dos seus dados, por exemplo, cita uma lei "UCC 1 1-308-308 1-103" que não existe e o Estatuto de Roma que, apesar de existir, não trata de redes sociais.
2. Leia os termos de compromisso
Tavares alerta para o fato de que é essencial – apesar de um tanto chato – ler os termos de compromisso ao se cadastrar em um site ou rede social. "É importante tomar decisões informadas, exercer seu poder de escolha. Você vai saber o destino que será dado a seus dados pessoais, quanto tempo eles serão armazenados, como serão monetizados", diz.Mas já que aceitou os termos do Facebook, é possível lê-los novamente, para relembrar.
No canto superior direito da sua página de Facebook aparece um pequeno cadeado. Ao clicar lá, o site oferece acesso a alguns menus com questões básicas sobre segurança. Mas no pé da lista está a opção "Noções básicas de privacidade". Clique nela e, em seguida, em "Leia nossa política de dados".
Ali, a empresa explica que tipo de dados sobre você ela armazena e como os utiliza – e sim, está lá o uso comercial, quando o Facebook diz que utiliza suas informações para exibir anúncios para você. "Uma empresa cria um anúncio. Eles escolhem o tipo de público que desejam alcançar. Se você estiver nesse público, o Facebook lhe mostrará o anúncio", afirma.
O Facebook também deixa claro que compartilha seus dados com empresas que criaram serviços que você utiliza com o login da rede social. Por exemplo, jogos e sites de compras que oferecem a opção de "entrar com o Facebook".
É por isso que nenhuma mensagem copiada e colada em seu perfil de status poderá impedir o uso comercial de seus dados no site. Esta era a condição que você aceitou para estar lá.
"No imaginário da população em geral, a linguagem jurídica reveste a mensagem de maior formalidade e credibilidade. Mas isso é apenas um verniz para que a mensagem pareça verdadeira. Ela não tem força de documento, de notificação", afirma Tavares.
3. Visite a seção de "configurações"
De acordo com o presidente da Safernet, o Facebook tem feito um esforço de deixar suas opções de privacidade mais claras, com vídeos e tutoriais, após protestos de usuários. Clicando naquele cadeado no canto superior direito, você também tem acesso a todas as configurações de privacidade que pode alterar.Além de poder decidir quem, da sua rede de amigos e do público em geral, consegue ver seus dados e postagens, você pode ir à seção de "Anúncios", selecionar "Anúncios baseados nas minhas preferências" e "Acessar preferências de anúncios".
Este passo a passo dá acesso a uma lista de anúncios que o Facebook escolheu mostrar para você ao longo do tempo, o que revela um pouco mais sobre o que você informou à empresa (e a seus parceiros) sobre si mesmo. Dá para escolher não receber mais alguns desses anúncios, mas essa informação provavelmente continuará com a empresa.
Camila Costa
BBC
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