Caso Recalcatti - Testemunhas afirmam que houve execução e o delegado segue preso


O 'caso Recalcatti' parece longe de uma solução satisfatória para os acusados, porque 5 testemunhas oculares que compõem as provas da investigação do Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e da promotoria de Rio Branco do Sul,  acusam o delegado da Polícia Civil Rubens Recalcatti e sua equipe de terem executado Ricardo Geffer, em abril deste ano naquela cidade da região metropolitana de Curitiba. Geffer era um dos suspeitos de matar João Dirceu Nazzari, conhecido como João da Brascal, ex-prefeito de Rio Branco do Sul e primo do delegado Recalcatti.
O delegado, que ocupava um cargo de chefia da Divisão de Crimes Contra o Patrimônio, da Polícia Civil do Paraná, foi preso na manhã desta terça-feira (13) durante a Operação Aquiles, que apura a suspeita de execução. Além dele, outros quatro investigadores foram detidos por força de mandado de prisão temporária de 30 dias. Até o começo da noite desta terça-feira, o Gaeco tentava cumprir ainda outros quatro mandados de prisão temporária. . 
De acordo com a apuração do Gaeco, todas as testemunhas confirmaram aos promotores do órgão que o suspeito estava dominado, algemado, e não resistiu à prisão quando foi abordado. Portanto, não teria havido confronto. Segundo a investigação, uma delas viu o delegado chutar o suspeito e outro investigador dar dois tiros. Em seguida, houve mais alguns tiros, mas o MP não confirma quem os desferiu. Todas as testemunhas foram indicadas para entrarem no programa de proteção a testemunha do Paraná.

A decisão que determinou as prisões do delegado e dos outros suspeitos, assinada pelo juiz da Vara Criminal de Rio Branco do Sul Thiago Flôres Carvalho, apontou que as medidas se justificaram em razão dos relatos das testemunhas. A reportagem teve acesso a decisão. No texto, o magistrado afirmou que elas disseram que a equipe “dominou e agrediu a vítima Ricardo Geffer”. Os policiais teriam perguntado ainda a Geffer, como uma espécie de afronta, “onde está o valentão?”.
“As referidas testemunhas destacaram ainda que o ofendido não reagiu à abordagem policial, tendo levantado os braços, em sinal de rendição”, apontou o juiz em sua decisão.
Tanto o MP como a Justiça consideraram que a equipe policial de Recalcatti não deveria investigar o crime de assassinato de João da Brascal, já que esses agentes faziam parte de uma unidade que combatia crimes contra o patrimônio e a delegacia de Rio Branco do Sul já investigava o homicídio. O magistrado apontou ainda em sua decisão que não havia designação que justificasse apoio ou sobreposição à autoridade policial local. As prisões ainda se justifica, segundo a decisão do juiz, porque já teria ocorrido destruição e alteração de provas, conforme relato do MP à Justiça.
Durante entrevista coletiva na sede do Gaeco, na manhã desta terça-feira, o coordenador estadual do Gaeco, Leonir Batisti, disse que há elementos suficientes que indicam execução. “Os policiais chegaram ao local, o rapaz se rendeu, foi algemado e morto”, afirmou Batisti. Segundo ele, Recalcatti sabia que o rapaz estaria onde foi encontrado. “Além disso, havia uma relação muito próxima entre o João Nazzari e o delegado”.

Apreensões

De acordo com o Gaeco, foram encontrados R$ 10 mil em espécie no guarda-roupas do delegado. No veículo do policial havia ainda R$ 6,5 mil em espécie, além de um dossiê contendo diversas acusações contra Geffer. Em uma das buscas realizadas, foi apreendido também um revólver, calibre 38, sem registro. Também foram encontrados pen drives e documentos.
Laudo médico aponta tiro na cabeça 

O laudo de necropsia do Instituto de Criminalística
feito no corpo de Ricardo Geffer, suposta vítima da equipe policial do delegado Rubens Recalcatti, aponta que a vítima sofreu um tiro na parte superior do crânio, o qual saiu por uma das têmporas. Essa constatação seria uma das indicações de execução, segundo o Ministério Público. O suspeito ainda teria sido alvejado ainda por outros sete disparos. O laudo mostra também que a vítima foi alvo de escoriações no corpo, o que também indicaria as agressões.
No laudo ao qual a Gazeta do Povo teve acesso a perícia apontou que Geffer morreu por “traumatismo crânio encefálico, produzido por instrumento pérfuro-contundente”. O documento mostra que foram oito disparos que atingiram o corpo: além do tiro que entrou na parte superior do crânio e saiu pela têmpora direita da vítima, outro disparo atingiu o ombro direito, um o abdome, outro o tórax, um o fêmur direito, dois o púbis e um o antebraço direito.
Conforme imagens produzidas pelo Instituto de Criminalística, um projétil foi disparado contra a parte superior direta do tórax e saiu pela parte direita do abdome. Nas imagens da criminalística ainda é possível observar que a maior parte dos tiros atingiu a parte da frente do corpo de Geffer. Além das lesões causadas por tiros, o laudo mostra “escoriações na face, pescoço e antebraço esquerdo”.
Segundo o advogado Claudio Dalledone, que defende o delegado Recalcatti, “o laudo é a maior prova de defesa dos policiais” e comprova que o suspeito morto “estava em posição de ataque e que as lesões no rosto dele foram produzidas em um momento de queda”. Dalledone mantém a versão dada na terça-feira (13) e aponta para um confronto e não execução do suspeito da morte do ex-prefeito de Rio Branco do Sul.




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