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Os ossos foram encontrados em um sítio arqueológico de Minas Gerais e mostram que a prática ritualizada de cortar cabeças é bem mais antiga do que se imaginava. |
Um crânio coberto por duas mãos amputadas de
aproximadamente 9 mil anos foi encontrado no sítio arqueológico Lapa dos
Santos, em Minas Gerais. Seria mais uma descoberta qualquer, se não
fosse pelo fato de que a novidade pode alterar tudo que sabemos sobre a
prática da decapitação ritualizada nas comunidades indígenas. Antes da
descoberta, o exemplo mais recente era peruano, com 4 mil anos de idade.
Por isso mesmo, a atividade era vista como exclusivamente andina.
Agora, os cientistas já não têm mais tanta certeza de como cortar
cabeças virou uma espécie de rito entre os povos indígenas brasileiros e
os demais americanos.
O estudo foi liderado por pesquisadores da USP e do
Instituto Max Planck, da Alemanha.
Eles apontam que há fortes evidências
mostrando que o crânio não seria um troféu de guerra, arrancado de um
inimigo, mas sim uma ação realizada após a morte, como uma verdadeira
prática ritualística. O artigo publicado pelos cientistas na revista PLOS aponta
que "na aparente falta de riquezas materiais ou arquitetura elaborada,
os habitantes de Lapa do Santo parecem ter usado o corpo humano para
expressar seus princípios cosmólogicos sobre a morte".
Poucas coisas surpreenderam mais os colonizadores da
América do que a exposição de partes do corpo humano, especialmente de
cabeças decapitadas. Apesar de esse fenômeno já ter sido visto como
implantado pelos próprios europeus, que queriam vender partes dos corpos
dos nativos como souvenirs exóticos, agora já se sabe que ele possui
raízes cronólogicas mais profundas.
E de quem era a cabeça encontrada? Provavelmente pertencia a
um dos povos caçadores/coletores que chegaram na região por volta de
12.000 anos atrás, mas não se sabe ao certo. As próximas fases da
pesquisa pretendem ir mais a fundo, para tentar descobrir quem eram e
como viviam essas pessoas.
Por
Ana Luísa Fernandes
Editado por
Camila Almeida
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