Globo desistiu do golpe, mas exige desculpas

Poucos dias depois de assumir a defesa da legalidade, ou seja, do mandato da presidente Dilma Rousseff em editorial, o grupo Globo fez um inusitado pedido: os Marinho exigem que Dilma faça um pedido público de desculpas ao País; tese surgiu neste domingo na capa do jornal O Globo, numa matéria construída apenas com fontes anônimas; hoje, o colunista Ricardo Noblat foi mais explícito: "Assuma seus erros, Dilma. Peça desculpas. E – quem sabe? – poderemos conversar"; será que a presidente irá se ajoelhar no milho diante da Globo?


"Assuma seus erros, Dilma. Peça desculpas. E – quem sabe? – poderemos conversar". A intimidação foi colocada, nesta terça-feira, pelo jornalista Ricardo Noblat, colunista do jornal O Globo.
No entanto, como a presidente Dilma Rousseff não tem qualquer necessidade de jogar conversa fora com Noblat, a mensagem parece ser um recado do grupo Globo, da família Marinho, ao Palácio do Planalto.
Como se sabe, na semana passada, a Globo desembarcou do projeto golpista. Assumiu, em editorial do jornal O Globo, a defesa da legalidade. Mais do que isso, João Roberto Marinho também afirmou que o sucessor da presidente Dilma será aquele que vier a ser eleito em 2018.
No entanto, logo depois, o Globo cobrou a fatura. No domingo, a manchete do Globo foi "PT avalia reconhecer erros éticos para estancar crise", numa matéria construída apenas com fontes anônimas, em off (leia mais aqui).
Como o mea-culpa não aconteceu, surgiu, agora, a ameaça colocada por Noblat. Se Dilma pedir desculpas, diz ele, "quem sabe poderemos conversar".
Leia, abaixo, o texto de Noblat:

Assuma seus erros, Dilma. Peça desculpas. E – quem sabe? – poderemos conversar
Ricardo Noblat
Tem tudo para fracassar a diplomacia de Dilma à base de discursos para plateias de admiradores país a fora e de jantares para políticos amestrados no Palácio da Alvorada.
Dilma prega para convertidos selecionados mediante a garantia de que a aplaudirão. E se comporta entre os políticos da maneira que eles mais detestam: como um superior que dá instruções.
Ontem pela manhã, no Maranhão, o governador Flávio Dino (PC do B) recepcionou Dilma com gritos de aliados contra o “golpe”. Não há nenhum golpe em curso no país, mas isso não importa.
O PT e o governo chamam de “golpe” qualquer ameaça de impeachment mesmo que amparada na Constituição. E assim se comportam como supostas vítimas de uma direita enfurecida.
À noite, no Alvorada, Dilma jantou com 43 senadores dos partidos que sustentam o governo no Congresso e 21 ministros. Uma boa parte dos senadores foi embora depois reclamando dela.
Dilma não dialogou com ninguém – logo ela que só tem falado em diálogo para que o país atravesse as crises que o atormentam. Todas elas, diga-se, produzidas por Dilma e a sua turma.
Limitou-se a fazer um discurso indigesto, porque pobre de ideias e carente de novidades. Dilma cobrou apoio de todos. E, em troca, com nada acenou.
O senador Paulo Paim (PT-RS) foi um dos senadores que consideram ter perdido o seu tempo para ouvir a presidente.
Dilma não aprendeu até hoje como proceder entre políticos. Se sabe como fazê-lo prefere não fazê-lo. E sequer consegue disfarçar a ojeriza que eles lhe causam.
Arrogante, resiste à proposta de assumir os erros que cometeu no seu primeiro mandato e de pedir desculpas por eles aos brasileiros.
Esse poderia ser o marco zero para o eventual reatamento de relações entre o distinto público e ela.
Ninguém a ajudará se ela não pedir ajuda. Se ela não se deixar ajudar. Se ele, principalmente, não fizer por onde ser ajudada.
Dilma fala como se tivesse o folgado apoio de uma maioria de governados. Quando, de fato, é rejeitada por 70% deles.
Presidente algum, nem mesmo o deposto Fernando Collor, foi mais rejeitado do que Dilma é.
Se ela não for capaz de compreender por que tantos querem vê-la pelas costas, jamais saberá como reconquistar o apoio deles.
 
Brasil 247

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