Dilma a Aécio: 'Respeite e Honre o Adversário'
Em um discurso com várias críticas aos ânimos pró-impeachment no ambiente político brasileiro, a presidente Dilma Rousseff mandou um recado claro ao senador e presidente do PSDB Aécio Neves, derrotado na disputa à presidência do ano passado. "Respeite e honre o adversário", afirmou a presidente, que participou do evento Diálogo com Movimentos Sociais no Palácio do Planalto, em Brasília.
"Eu acho que uma coisa que nós devemos ter no Brasil e que é muito importante é o respeito ao adversário. Que é o seguinte: eu brigo até a hora do voto, depois eu respeito o resultado da eleição", discursou Dilma, sob gritos de "não vai ter golpe" por representantes de movimentos sociais de diversos setores.
A presidente citou ainda uma carta enviada pelo papa Francisco ao Brasil no período da Copa do Mundo de 2014, em que o pontífice defendia, dentre outros comportamentos no esporte, o 'fair play' – ou 'jogo justo' – que envolve respeitar o resultado da partida. "Respeite o resultado. E respeite e honre o adversário. Porque se não respeitar o resultado, você não pode entrar no jogo", comentou Dilma, sendo fortemente aplaudida.
Ela fez mais uma menção ao golpe em outro momento do discurso, quando lembrou a frase de Carlos Lacerda contra Getúlio Vargas, que dizia: "O Sr. Getúlio Vargas, senador, não deve ser candidato à presidência. Candidato, não deve ser eleito. Eleito não deve tomar posse. Empossado, devemos recorrer à revolução para impedi-lo de governar". Segundo Dilma, "o Brasil não deve tomar as palavras de golpismo de Carlos Lacerda sobre Getúlio. Essa é a síntese da trajetória do golpe no Brasil".
A presidente obteve vitórias importantes nesta semana contra as tentativas da oposição de tirá-la do poder. Ontem, o Tribunal de Contas da União (TCU) fez novos questionamentos sobre as chamadas 'pedaladas fiscais' e deu mais 15 dias para que o governo se defendesse na ação que avalia as contas públicas de 2014. Nesta quinta, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) suspendeu a ação movida pelo PSDB que pede a cassação de Dilma e de seu vice, Michel Temer, por suposto abuso de poder durante a campanha eleitoral.
Sobre as manifestações que defenderão o impeachment no próximo domingo 16 e devem acontecer em diversas cidades do País, Dilma ressaltou: "Não vejo problema e nunca verei problema em manifestação. Não peçam para eu manifestar qualquer atitude contra manifestação que eu não farei". Segundo ela, a postura a favor de protestos é uma forma de "honrar os que não sobreviveram na ditadura no Brasil".
Em outro momento de sua fala, Dilma defendeu a estudante de medicina Ana Luíza Lima, que foi "muito mal tratada", nas palavras da presidente, depois de ter feito um discurso em defesa de programas sociais que permitiram que ela estudasse em sua cidade. Dilma defendeu o "respeito pelas pessoas que pensam diferente da gente" e disse que "diálogo é diferente de pauleira". "Botar bomba em qualquer lugar não é diálogo", afirmou, numa alusão ao atentado contra a sede do Instituto Lula, que aconteceu no dia 30 de julho.
A presidente criticou a votação de "pautas conservadoras" que podem "fazer mal ao País" e afirmou que por isso saiu em público contra a redução da maioridade penal. Ela concluiu seu discurso com as mesmas palavras ditas ontem durante o encerramento da Marcha das Margaridas, quando citou Lenine. "Eu disse que nos maus tempos da lida, eu envergo, mas não quebro", relembrou Dilma, concluindo que nunca, em sua vida, "mudou de lado".
Brasil 247
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