Whatsapp expõe chantagem de 243 parlamentares

Grupo "Deputados Federais Novatos", criado pelo deputado Elmar Nascimento (DEM-BA), que conta com 243 parlamentares de 1º mandato, incluindo nomes do PMDB e até do PT, arquitetou pelo aplicativo esquema para ameaçar o pacote fiscal da presidente Dilma Rousseff caso não fossem liberadas verbas para seus redutos eleitorais

Mensagens trocadas entre deputados pelo aplicativo Whastapp revelam como funciona o esquema de chantagem contra o governo Dilma Rousseff. "A hora de pressionar é agora que temos votações importantes pro governo. Depois, já era!", diz uma frase compartilhada no grupo de parlamentares.
A discussão em questão revela o esquema montado para ameaçar o pacote fiscal da presidente Dilma Rousseff caso não fossem liberadas verbas para seus redutos eleitorais, segundo reportagem de Natuza Nery e Ranier Bragon.
O grupo "Deputados Federais Novatos", criado pelo deputado Elmar Nascimento (DEM-BA), conta com representantes de partidos nanicos, dos aliados PMDB e PC do B, dos oposicionistas DEM e PSDB, e até mesmo do PT: "Somos 243 de 1º mandato", diz ele.
Leia abaixo a matéria completa de Natuza Nery e Ranier Bragon, da folha:

"A hora de pressionar é agora que temos votações importantes pro governo. Depois, já era!"
A frase, compartilhada em um grupo de WhatsApp, revela a montagem de uma operação na qual deputados de primeiro mandato ameaçaram derrotar o pacote fiscal da presidente Dilma Rousseff caso não fossem liberadas verbas para seus redutos eleitorais.
A Folha teve acesso às mensagens trocadas nos últimos dias pelo aplicativo. Além da sinceridade raramente tornada pública, elas mostram como os novatos assimilam rapidamente velhas práticas do Parlamento.
Criada pelo deputado Elmar Nascimento (DEM-BA), a lista "Deputados Federais Novatos" é de composição ecumênica. Há representantes de partidos nanicos, dos aliados PMDB e PC do B, dos oposicionistas DEM e PSDB, e até mesmo do PT.
"Somos 243 de 1º mandato", diz o criador numa das mensagens, ressaltando o poder de pressão dos inscritos --a Câmara tem 513 titulares.
"Amigos: criei esse grupo para trocarmos experiências e nos defendermos de determinadas tradições que visam prejudicar nossos interesses", diz ele na inauguração do fórum, há cerca de uma semana. "Nos enganaram e não vão pagar nossas emendas. [...] Precisamos nos mobilizar", conclama Nascimento.
As chamadas "emendas parlamentares" são as verbas e investimentos do Orçamento da União que deputados destinam para seus redutos.
Embora não tivessem direito neste ano, os novatos haviam recebido a promessa de ter, cada um, R$ 10 milhões para emendas. Na semana passada, porém, o governo deu sinais de que poderia não honrar o acordo por falta de dinheiro.
Os deputados, então, se viraram contra a proposta que revê a política de desoneração da folha de pagamento, medida do governo para tentar reequilibrar as contas públicas ante a escassez de recursos. A votação poderá ocorrer nesta semana.
Depois da mensagem de Nascimento, o grupo foi tomado por uma profusão de mensagens com ameaças de ação em bloco para derrotar ou atrasar a votação do projeto caso a equipe econômica não atendesse à reivindicação.
Como a de Fábio Miditieri (PSD-SE), reproduzida na abertura desta reportagem. Ou a de Aliel Machado (PC do B-PR), segundo quem a ação contra o governo "tem que ser antes de algum anúncio oficial sobre as emendas e antes dessas votações".
A discussão foi ganhando adeptos. "Bora (sic) reunir... Será que fomos vítimas de estelionato?", questiona Delegado Waldir (PSDB-GO).
Uma reunião é então convocada. "Teremos votações de alta relevância nos próximos dias. Deveríamos nos reunir para uma discussão pragmática", defende Carlos Andrade (PHS-RR). "Estarei presente, juntos somos 50% dos votos, independente de partido. Vamos mostrar essa força", reforça Aluisio Mendes (PSDC-MA). 

com Brasil 247

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