Richa é citado em investigação que envolve sexo e fraudes

Apuração da Gaeco em torno do auditor fiscal Luiz Antônio de Souza, que denunciou uso de propina no comitê do governador Beto Richa (PSDB), inclui esquema no fisco do Paraná, rede de exploração sexual de menores e fraude em licitação de carros oficiais por um suposto primo do tucano

O Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime) tem em mãos três investigações que se cruzam em casos de sexo, corrupção e pessoas ligadas ao governador Beto Richa (PSDB).
O ponto em comum entre elas é o auditor fiscal Luiz Antônio de Souza, preso em flagrante no motel com uma menina de 15 anos. Acusado de participar de esquema de cobrança de propina de empresários para reduzir ou até anular dívidas tributárias, ele também levou os investigadores à apuração de uma rede de servidores e empresários para exploração sexual de menores.
Dessa apuração, descobriu-se uma suposta fraude numa licitação de manutenção de veículos oficiais, vencida pelo empresário Luiz Abi Antoun, que se apresentava como primo do governador tucano.
Em delação, Souza afirmou ainda ter repassado R$ 2 milhões de propina à campanha de Beto Richa. Ele apresentou notas fiscais ao Ministério Público para comprovar uso de verba de corrupção no comitê tucano.
Nos documentos, ele diz que usou R$ 20 mil para comprar 70 unidades de compensados na Gmad Complond Suprimentos para Móveis.
Procurado, o PSDB-PR alega que a "a coordenação da campanha eleitoral do PSDB não encomendou o referido material, não autorizou e nem recebeu qualquer nota fiscal referente ao alegado serviço."

Leia abaixo a reportagem sobre o assunto:

Suspeito num esquema de corrupção no Paraná, um auditor fiscal levou os investigadores à apuração da existência de uma rede de servidores e empresários para exploração sexual de menores.
Em seguida, um dos envolvidos no novo caso acabou ajudando na investigação de uma suposta fraude numa licitação de manutenção de veículos oficiais, vencida por um homem que se apresentava como primo do governador Beto Richa.
Chefiadas pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime), as três investigações se cruzam, misturando sexo, corrupção e pessoas muito próximas a Richa.
A investigação dos auditores é a mais robusta. Segundo o Gaeco, eles escolhiam uma empresa, avisavam sobre dívidas tributárias e ameaçavam com multas altíssimas. Ofereciam, então, uma saída: propina. "Os que não aceitavam [pagar] recebiam retaliações. Quem aceitava não era autuado, ou recebia uma multa bem menor", afirma o promotor Jorge Barreto.
Os valores variavam conforme o porte da firma, podendo passar de R$ 300 mil. Há ao menos 62 envolvidos, entre auditores e empresários.
Um dos envolvidos, Luiz Antônio de Souza, deu início a outro caso. Grampeado, descobriu-se que ele também atuava numa rede de exploração sexual infantil. Ele foi preso em flagrante no motel com uma menina de 15 anos.
Nesse caso, que envolvia meninas de 13 a 17 anos, há 18 inquéritos concluídos e outros seis em curso. "São situações que envolvem pessoas consideradas acima de qualquer suspeita, conhecidas na cidade", diz o delegado Alan Flore. O caso corre em segredo.
CAMPANHA
Em delação, Souza disse que o esquema dos auditores abasteceu a campanha de Richa à reeleição com ao menos R$ 2 milhões. O tucano nega. Chama de calúnia as denúncias que envolvem seu nome.
Barreto, o promotor, diz que as investigações estão no início e que não é possível dizer se Richa sabia das fraudes.
Além de Souza, só a auditora Ana Paula Lima continua presa. Ela é mulher de Márcio de Albuquerque Lima, ex-companheiro de corrida de Richa e ex-chefe de fiscalização do fisco, citado como líder do esquema.
Também a partir da investigação surgiu a Operação Voldemort, referência ao vilão dos livros de Harry Potter, cujo nome, amaldiçoado, não podia ser falado. O pivô é o empresário Luiz Abi Antoun, primo de Richa (o tucano diz que o parentesco é distante).
Ele é acusado de formar organização criminosa, de falsidade ideológica e de fraudar licitação. De acordo com a denúncia, o grupo desviou recursos ao obter ilegalmente contratos para a a manutenção de carros oficiais. Ninguém está preso.
Antoun, diz o Gaeco, montou uma firma de fachada e obteve uma contratação emergencial de R$ 1,5 milhão para o serviço. Oito pessoas foram indiciadas, entre elas o empresário Paulo Midauar, um dos envolvidos na Publicano.
O fotógrafo Marcelo Caramori, ex-assessor de Richa que chegou a ser preso na operação de exploração sexual, afirmou que Antoun era o responsável pela arrecadação de dinheiro das campanhas do tucano. O governador e o PSDB negam.

LUCAS REIS  
ESTELITA HASS CARAZZAI  
Folha 
Brasil 247

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