Richa, "com o seu na reta", rejeita impeachment de Dilma

Pressionado por protestos que pedem seu impeachment no Paraná, governador tucano Beto Richa defende respeito ao resultado das urnas: “Ela foi eleita, tem a legitimidade do cargo”; “é importante para não dar nenhuma conotação política a essa manifestação”, disse ele sobre o protesto marcado para o dia 15 de março; no Estado, ele tenta justificar suas polêmicas escolhas que levaram à quebra das contas públicas e ao pacote de ajustes financeiros que prevê a retirada de R$ 8 bilhões do fundo previdenciário destinado ao pagamento dos aposentados e pensionistas

Pressionado por manifestações populares que pedem seu impeachment no Paraná, o governador Beto Richa rejeitou o apoio do PSDB a atos pelo ‘Fora, Dilma’.
Ele defende respeito ao resultado das urnas: “Ela foi eleita, tem a legitimidade do cargo”; “é importante para não dar nenhuma conotação política a essa manifestação”, disse ele sobre o protesto marcado para o dia 15 de março.
No Estado, Richa tenta justificar suas polêmicas escolhas que levaram à quebra das contas públicas e ao pacote de ajustes financeiros que prevê a retirada de R$ 8 bilhões do fundo previdenciário destinado ao pagamento dos aposentados e pensionistas.
Segundo ele, a má gestão foi “um ato de coragem”: “o que interessa para a população são as obras. As dívidas, nós vamos administrando”.
Leia abaixo o que fala Cristiane Agostine sobre o assunto:

Alvo de protestos com milhares de pessoas nas ruas, o governador do Paraná, Beto Richa (PSDB), é cauteloso ao falar sobre os atos pró-impeachment da presidente Dilma Rousseff programados no país para o dia 15. À frente do segundo maior Estado comandado pela oposição, o tucano diz que essas manifestações não devem ter caráter partidário e afasta o apoio do PSDB. Reeleito no primeiro turno, Richa inicia seu segundo mandato em meio a greves e acusações de servidores públicos e da oposição de ter cometido estelionato eleitoral.
Coordenador da campanha presidencial do senador Aécio Neves (PSDB-MG) no Paraná, o governador diz que "pouco importa se os eleitores estavam certos ou errados" ao dar a vitória a Dilma. "Respeitamos o resultado das urnas. Ela foi eleita, tem a legitimidade do cargo", diz. "É importante para não dar nenhuma conotação política a essa manifestação", afirma, referindo-se aos atos previstos contra a presidente.
Assim como Dilma, Richa enfrenta uma crise política e econômica em seu governo. Eleito com o mote da defesa do "choque de gestão" em 2010, o tucano gastou mais do que arrecadou em seu primeiro mandato. Na campanha eleitoral de 2014, garantiu que as contas do Paraná estavam em ordem, prometeu mais investimentos em educação e infraestrutura e foi eleito no primeiro turno, com 55,67% dos votos válidos. Pouco depois das eleições, no entanto, aumentou impostos, cortou o pagamento de férias e de rescisões contratuais de professores e terminou o mandato com um déficit de R$ 4,6 bilhões. Os gastos com funcionários, de 47,02% da despesa sobre a receita corrente líquida, segundo dados do fim de 2014, estão acima do limite prudencial estabelecido pela Lei de Responsabilidade Fiscal - bandeira do PSDB - e perto do limite máximo, de 49%.
Sem receber um terço das férias há três meses, professores da rede estadual estão em greve desde o dia 9 de fevereiro. As sete universidades estaduais ameaçaram cortar bolsas de estudo e até mesmo fechar as portas. Somados aos professores, estão servidores de outras áreas que protestam contra a proposta de Richa de usar os cerca de R$ 8 bilhões do fundo de previdência estadual. O descontentamento com a gestão do tucano levou mais de 45 mil pessoas às ruas de Curitiba na semana passada, segundo organizadores do protesto.
Diante desse cenário no Estado, o governador tucano assumiu um discurso diferente do adotado por lideranças de seu partido sobre os protestos previstos contra o governo federal. O presidente nacional do PSDB, Aécio Neves, disse na sexta-feira que os atos pró-impeachment de Dilma devem ser visto como uma resposta ao "engodo" que foi a campanha vitoriosa da presidente. Para Aécio, os protestos são naturais, "fruto da indignação" em relação à "desordem" e ao "quadro recessivo".
Richa tenta minimizar os problemas que enfrenta no Estado e diz que os protestos não são exclusividade de seu governo. "Não é só comigo", afirma.
O governador diz que "não se arrepende" de ter gasto mais do que arrecadou em seu primeiro mandato e afirma que a dívida é "administrável". As despesas foram feitas apesar de as receitas previstas no fim do ano anterior, na Lei Orçamentária, não terem se confirmado ao longo do ano e algumas obras foram paralisadas. "Fizemos o que era possível. Teve planejamento, mas algumas coisas furaram", diz, rejeitando as críticas sobre falta de planejamento. "As coisas foram se deteriorando muito rápido".
Para Richa, o governo não pode ficar "só pagando dívida" e tem que investir em obras. "Rapidamente vamos sair dessa", afirma. "Não me arrependo do que fiz não. A dívida é administrável, com esse conjunto de medidas que não tem nada assim tão amargo não", afirma, sobre o aumento dos impostos feito depois de sua reeleição.
O tucano vincula o déficit do Paraná às dificuldades do cenário econômico nacional e afirma que a deterioração da economia "foi muito rápida no fim do ano passado", pós-eleições. "De janeiro para fevereiro tivemos queda de R$ 500 milhões nas receitas", diz.
Richa determinou o contingenciamento de R$ 11 bilhões, o equivalente a um quarto do Orçamento. "Temos visto que a economia nacional vem se deteriorando. O Paraná não é uma ilha dentro desse cenário nacional e estamos nos preparando para esse momento de dificuldades", diz. "O ajuste fiscal às vezes tem reação adversa da sociedade, mas é necessário".
O pacote de ajuste fiscal apresentado pelo governador à Assembleia Legislativa, com corte de gastos e aumento de impostos, fez com que a popularidade de Richa oscilasse. Mesmo assim, o tucano afirma que não vai desistir do projeto mais polêmico do "pacotaço", de mexer no fundo bilionário dos servidores estaduais. No mês passado, Richa tentou aprovar às pressas a medida na Assembleia Legislativa, onde tem ampla maioria, com quase 70% de apoio dos deputados, mas teve de recuar diante da pressão nas ruas. "Cometemos um equívoco involuntário", diz. "Vamos fazer em comum acordo com servidores, com aval e chancela do Ministério Público. Temos que buscar um equilíbrio".
Na tentativa de minimizar o desgaste de sua imagem, Richa anunciou na semana passada o congelamento de seu salário, do vice e dos secretários apesar de os vencimentos terem ajuste vinculado ao do Supremo Tribunal Federal. O salário do governador será reduzido de R$ 33,7 mil para R$ 29,4 mil e dos secretários, de R$ 23,6 mil para R$ 20,6 mil.
Richa emprega sua esposa, Fernanda, que é secretária da Família, e seu irmão Pepe, que comanda Infraestrutura e Logística. O governador diz que está dentro da lei e cita que trabalha com os parentes desde sua gestão na Prefeitura de Curitiba. "A população já sabia: votando em mim possivelmente continuariam a integrar a minha equipe a minha esposa e meu irmão". Para Richa, seu antecessor, Roberto Requião (PMDB) é quem usava a máquina pública ao empregar parentes. "Nepotismo entendo como o que acontecia no governo passado, quando tinham uns dez parentes empregados. Isso sim é aproveitar da administração pública para arrumar um empreguinho para o seu familiar".

com Brasil 247

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