Os ratos estão abandonando o barco. Você vai ficar?

Tucanos de alta plumagem afirmam que são a favor das manifestações pelo impeachment mas não irão as ruas, assistirão a tudo de camarote

Antes de botar o pé fora de casa, aqueles simpáticos à ideia de defender o impeachment da presidenta Dilma, no próximo dia 15, deveriam se perguntar em primeiro lugar se existe base jurídica para tal.
Logo em seguida devem pensar nas consequências imediatas e futuras que seu ato pode trazer ao Brasil e os brasileiros. Este comportamento ajuda a desestabilizar o país e pode ser um grave erro, porque os resultados dai advindos virão para todos e são até certo ponto imprevisíveis.
Quem prega a destituição de uma presidente eleita pela maioria dos brasileiros, sem nenhuma razão concreta, pode sofrer mais tarde, inclusive a humilhação de entender que foi massa de manobra daqueles que mesmo tendo a certeza de que o impeachment não vai acontecer, insuflam a população a se manifestar pelo golpe já como estratégia para 2018.

O que querem na verdade é desestabilizar, criar um clima pouco propício ao desenvolvimento econômico do país. Desta forma ficará mais fácil  provar na próxima campanha presidencial que o PT não foi capaz de governar.
Por mais que tucanos de alta plumagem como FHC, os senadores Aécio Neves, Aloísio Nunes, Álvaro Dias, Cássio Cunha Lima e Serra, afirmem que são a favor das manifestações populares, eles não estarão entre os manifestantes, expondo a pele ao sol como cidadãos ou políticos. Não, eles não se exporão ao perigo das ruas. Assistirão a tudo de camarote.
Até mesmo o mais feroz deles, o senador Aloysio Nunes, mudou de idéia sobre se juntar aos descontentes. Em reunião no Instituto FHC, semana passada, saiu dizendo que iria à manifestação do dia 15. No início desta semana, no entanto, ele disse que prefere que a presidenta permaneça no cargo e confessou sua nobre razão: “não quero que Dilma saia, quero ver ela sangrar. 
Em entrevista ao jornal espanhol El País, outro tucano pro impeachment, o senador José Serra (PSDB-SP), se superou com a seguinte pérola do pensamento: não sou contra o pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff, mas  ele não se coloca agora como questão política e não é uma palavra de ordem hoje. Acontece que o Governo está tão fraco que dá margem a que gente reivindique o impeachment.
A que gente ele se refere ? a ele mesmo que se confessa não contrário ao pedido? Quer dizer então, que segundo o raciocínio de Serra,  sempre que “gente” considere um governo “fraco” isso é razão para se pedir seu impeachment ? Inacreditável! Atentem para os personagens que insuflam o povo para ir as ruas se manifestar contra Dilma.
FHC declarou na terça-feira (10/03) para a Agência Brasil que impeachment é como bomba atômica, é para dissuadir, não para usar. O que ele quer dizer com isso ? dissuadir quem de fazer o que ? é óbvio que a intenção dos tucanos é apenas desestabilizar o governo, mas isso não vão conseguir, porque ao contrário das elites deste país, o PT não tem medo de povo, o PT é parte do povo.
O conhecido jornalista Merval Pereira, ex-diretor de O Globo, reconheceu esta semana que a crise em Brasília, com a inclusão na lista da Lava Jato dos presidentes da Câmara e do Senado, enterrou de vez o impeachment de Dilma.
Cientistas políticos atentos à situação brasileira também não acreditam nem na existência de razões nem na possibilidade real de um impeachment.
Entrevistado pela BBC Brasil, Peter Hakim, presidente emérito do instituto de análise política Inter-American Dialogue, em Washington, disse que apesar da polarização cada vez mais forte, entre o PT e a oposição, entre o Congresso e a presidente, não ficou claro qual seria a base para um processo sério de impeachment.
Outro cientista político, Matthew Taylor, pesquisador do Brazil Institute, órgão do Woodrow Wilson Center e professor da American University, também em Washington, disse que, assim como no escândalo do Mensalão muitos dos membros mais céticos da oposição diziam que o então presidente Lula deveria saber do que ocorria, no caso da Petrobras é possível que muitos digam o mesmo de Dilma.
Ele acrescentou que até agora não há qualquer sugestão nos documentos conhecidos de que Dilma seja culpada de qualquer comportamento criminoso.
Por mais que tenha insistido, não colou a tentativa da grande imprensa de colocar no mesmo saco Dilma e Aécio Neves, ao dizer que Janot pediu o arquivamento de denúncias em relação aos dois nas investigações da Operação Lava Jato.
O ministro do Supremo Tribunal Federal Teori Zavascki entendeu que não há nada contra a presidente Dilma Rousseff que motive uma investigação no processo sobre o escândalo de corrupção na Petrobras, informou na última sexta-feira a assessoria do STF.
Ou seja, em relação a Dilma, não há o que arquivar. O mesmo não se pode garantir a respeito de Aécio Neves.
Artigo assinado por Antonio Lassance, na Carta Maior, sob o título Quem foi o deputado do PSDB que intimou Janot para proteger Aécio ? afirma que o Procurador Geral da República foi intimidado por um capanga do PSDB e que o povo brasileiro tem o direito de saber seu nome.
Segundo o artigo, congressistas do PSDB disseram ao Estadão (7/3) que um de seus deputados federais funcionou como emissário de um duro “recado”  a Janot: a delação de Youssef contra Aécio deveria ser considerada como denúncia vazia, pois a instauração de processo seria inaceitável contra alguém que teve 53 milhões de votos.
Segundo o termo de delação número 20, feito por Yousseff ainda no final do ano passado, o doleiro descreveu um esquema na estatal Furnas Centrais Elétricas que garantia o recebimento de propina pelo PSDB e pelo Partido Progressista.
Acredito eu que todos os brasileiros diante deste fato estariam fazendo a mesma reflexão:  os votos dados a Aécio devem ter o poder de  intimidar o procurador-geral  e de impedir as investigações de  denúncias contra o PSDB?
O caso merece sim sérias investigações a respeito, requerimentos de informação ao procurador-geral e instauração de processo por quebra de decoro contra o deputado. Resta saber quem ele é.
Portanto, antes de botar o pé fora de casa para se aventurar em manifestações contra um governo eleito democraticamente, os simpatizantes da causa do impeachment deveriam ler mais, se informar, discutir com amigos e a família a respeito. Com certeza, uma reflexão sensata mostrará mais malefícios que benefícios  nesta atitude irresponsável. 

Chico Vigilante
Brasil 247

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