O elefante do Paraná vai destruir o Brasil ?
“Estamos com um elefante na sala chamado Lava Jato”. A frase é do executivo Luiz Orlando Carneiro, que preside a empresa Sete Brasil, criada para desenvolver a indústria naval no Brasil.
É uma metáfora perfeita. Como foi citada por Pedro Barusco, ex-gerente da Petrobras, em sua delação premiada, a Sete Brasil não vem tendo acesso a mecanismos de crédito. E como é a Sete quem subcontrata os estaleiros, todos estão parando suas atividades.
Foi o que aconteceu, por exemplo, com o Atlântico Sul, em Pernambuco, que rompeu seu contrato com a Sete, com o Enseada, na Bahia, e com a Ecovix, no Rio Grande do Sul. Em comum, todas essas empresas têm como acionistas empresas atingidas pela Lava Jato, como Camargo Corrêa, Odebrecht, UTC e Engevix.
A paralisia da indústria naval, provocada pela Lava Jato, ameaça uma indústria que estava morta, antes do governo Lula, e que foi a mais de 200 mil empregos. Caso nada seja feito, ela simplesmente desaparecerá.
Para as Organizações Globo, que fazem campanha sistemática contra a indústria naval e contra a política de conteúdo nacional da Petrobras, é uma grande notícia. Para o ex-governador paulista Alberto Goldman, que publicou um artigo afirmando que a deterioração da economia é pré-requisito para o impeachment que ele próprio deseja (leia aqui), maravilha. Mas e para o País? Será que o remédio contra a corrupção é mesmo a quebradeira geral, com demissões de milhares de trabalhadores?
Efeito em cadeia na economia
O impacto da Lava Jato, no entanto, vai muito além da indústria naval. Atinge também outros setores do setor de engenharia. A Mendes Júnior, por exemplo, paralisou obras da transposição do São Francisco. A Camargo Corrêa demitiu metade de sua administração e a Odebrecht já ameaça paralisar as obras da Rio de 2016, uma ótima notícia para quem se frustrou com o fiasco do movimento #naovaitercopa e agora aposta no #naovaiterolimpiada.
Bom, sempre será possível argumentar que isso é um problema de empreiteiras que corrompem servidores públicos e merecem ser punidas. Será mesmo? Hoje, o Valor Econômico noticia que o BTG Pactual, de André Esteves, elevou suas proviões para créditos duvidosos em 307% (leia mais aqui). Ou seja: bancos já se preparam para uma onda de calotes e a quebradeira generalizada na economia. O resultado será o crédito mais caro para todos. Não por acaso, o medo do desemprego voltou a assombrar a classe trabalhadora e a disposição para consumir é a menor em dez anos.
Fúria ensandecida
Nesse cenário de terror econômico, o elefante que pisoteia a economia brasileira vem sendo conduzido sem freios pelo Ministério Público Federal. Na semana passada, o procurador Deltan Dellagnol ajuizou uma ação que prevê multa de R$ 4,5 bilhões contra as empreiteiras Camargo Corrêa, Mendes Júnior, Galvão Engenharia, Sanko Sider, Engevix e OAS – a UTC Constran ficou de fora porque o MP ainda tem esperança de que seu controlador, o empresário Ricardo Pessoa, adira a uma delação premiada.
A consequência dessa ação, que inova juridicamente, com o conceito de danos morais coletivos, é a quebra de todas as empreiteiras envolvidas na Lava Jato. E, pior ainda, a cartelização do setor de engenharia, pois sobrariam apenas, entre as grandes, a Odebrecht e a Andrade Gutierrez que, embora tenham sido citadas inúmeras vezes, vêm sendo poupadas.
Mais do que simplesmente propor sua ação, Dellagnol quer impedir novas iniciativas de qualquer outro órgão público em defesa da economia brasileira. Ontem, o procurador foi a Brasília protestar contra os acordos de leniência que vêm sendo costurados pelo Tribunal de Contas da União e pela Controladoria Geral da União (leia mais aqui). Seu argumento é que, se forem feitos acordos, as empresas não terão incentivos para colaborar com as investigações.
Judiciário e governo acovardados, oposição oportunista
Diante de uma imprensa que torce para o pior, com o destaque para as Organizações Globo, que defendem até a substituição de empresas nacionais por firmas internacionais (como se Halliburton que comprou a invasão do Iraque fosse um exemplo de honestidade), o Poder Judiciário se mostra acovardado e nada faz para conter a marcha da irracionalidade.
No governo, ainda que prevaleça o discurso de que as empresas devem ser preservadas, há poucas iniciativas concretas para tirar as empresas do atoleiro em que se encontram. Volta-se, aqui, ao caso da Sete Brasil, que não obtém créditos, em razão da Lava Jato. Enquanto isso, algumas empresas, como a Constran, já protestam publicamente contra atrasos em seus pagamentos.
Ontem, ao comentar a crise que atinge a cadeia produtiva do setor de óleo e gás, o senador Aécio Neves (PSDB-MG), afirmou que as empresas já estão demitindo e disse que "os primeiros a serem punidos pela alta da inflação e pela perda do emprego são os mais pobres”.
Só não disse que a responsabilidade pelo País é também da oposição. Afinal, a quem interessa um país em ruínas e que destrua toda a sua indústria naval, suas empresas de engenharia e também os bancos que lhes deram crédito?
Cabe, aqui, um registro à sensatez do deputado José Carlos Aleluia (DEM-BA), um dos mais experientes do Congresso Nacional. “Não podemos aceitar passivamente a quebradeira das empresas e os danos incalculáveis que isso trará ao país. Uma empresa de construção pesada leva pelo menos 25 anos para alcançar a maturidade. Em algumas décadas, as maiores empreiteiras brasileiras acumularam expertise em grandes obras e uma reputação internacional que não podem ser destruídas”, disse à jornalista Tereza Cruvinel.
Das empresas atingidas pela Lava Jato, a que vive a situação mais dramática é a Alumini, já em recuperação judicial. Recentemente, seus funcionários fecharam a Ponte Rio-Niterói e foram criticados pelo Globo porque estavam atrapalhando o trânsito. Vale a pena assistir o depoimento de um de seus funcionários, que foi ao Congresso e emocionou os parlamentares ao falar do cenário de miséria que vê pela frente (assista aqui).
Brasil 247
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