Twitter inaugura novo QG no Brasil
Não é fácil saber, oficialmente, como vai a saúde do Twitter no Brasil. Por aqui, a empresa não divulga dados sobre evolução de receita ou do número de usuários. Só é possível, portanto, inferir a situação da rede de mensagens a partir de elementos como a inauguração do novo escritório da companhia na Vila Olímpia, zona Sul de São Paulo, nesta quarta-feira: são pouco mais de 2.200 metros quadrados divididos em dois andares de um edifício novíssimo num dos pontos mais valorizados da capital paulista — há poucas centenas de metros dali, ficam os escritórios de Facebook e Google.
Embora o moderno escritório seja a mais visível expressão do desempenho da rede no Brasil, alguns dados apresentados a jornalistas pelo diretor-geral da empresa no Brasil, Guilherme Ribenboim, servem como indicadores mais precisos. O Brasil segue como um dos cinco principais mercados do Twitter. "E, em 2014, o número de usuários brasileiros cresce a uma taxa maior do que a registrada no ano passado", diz Ribenboim. É uma boa notícia para a empresa, que globalmente vê desaceleração no incremento de adeptos.
O Twitter vive basicamente de anúncios (quase 90% da receita da companhia vem daí), exibidos aos usuários na forma de tuítes, contas ou trends (assuntos mais tuitados) patrocinados. Segundo números apresentados por Ribenboim, é possível novamente deduzir que a companhia avança nesse campo também no Brasil. Hoje, 80% dos 200 maiores anunciantes do mercado brasileiro fazem campanhas na plataforma — há cerca de um ano, eram 10%.
Uma das grandes apostas é a parceria com a TV. Canais abertos e fechados já usam a rede para realimentar sua audiência, aproveitando-se do fenômeno pelo qual os espectadores/usuários costumam comentar no serviço de 140 caracteres o que estão vendo na TV, atraindo mais olhos para a telinha. "Vários estudos mostram que isso realimenta a audiência", diz Ribenboim.
A oportunidade é também comercial. Empresas podem ocupar espaços publicitários tanto na TV quanto na rede, espalhando anúncios entre usuários do Twitter que comentam o programa em questão. "Nós somos ponte entre a mídia tradicional e a digital", diz Ribenboim, acrescentando que o número de comerciais de TV que apresentam hashtags típicas do Twitter (iniciadas pelo símbolo #) cresceu quase 80%, passando de 842 para 1.482 entre maio e agosto deste ano. Essas companhias, portanto, querem ser vistas na rede.
A partir do primeiro trimeste de 2015, a rede passará a vender às TVs um novo serviço, em parceria com o Ibope. Além da tradicional medição de audiência minuto a minuto, que mostra quantos lares têm a TV ligada e em que canal, Ibope e Twitter vão oferecer uma medição de tuítes sobre os programas. "Então, os canais e o mercado publicitário vão tomar decisões baseadas também no engamento das pessoas na rede."
Em termos globais, o Twitter vive uma situação peculiar. Tudo vai bem, segundo os relatórios de resultados: na comparação entre os terceiros trimestres de 2014 e 2013, a receita cresceu 114% (atingindo 361 milhões de dólares) e o número de usuários, 23% (284 milhões). Diariamente, são publicados cerca de 500 milhões de tuítes. Assim que foram liberados os resultados, contudo, o CEO Dick Costolo foi questionado sobre o ritmo de adesão de usuários. Na casa nova, Ribenboim enfrentou a mesma pergunta, nesta quarta-feira: o que a empresa quer ser, tendo à sua frente um gigante, o Facebook, com mais de 1 bilhão de usuários? O diretor-geral no Brasil respondeu: "O Twitter não deve ser visto como uma rede social, mas como uma rede de interesses, um local onde as pessoas encontram assuntos de seu interesse de forma instantânea."
Jadyr Pavão Júnior
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