Falar é uma coisa. Fazer é outra. Quando o assunto é política, o colombense vai bem no discurso, mas na prática são poucos os colombenses que participam e acompanham a vida política da cidade. Esse é um retrato do eleitor de Colombo revelado, por uma pesquisa informal no facebook, sobre como o colombense atua e pensa a política.
Metade dos entrevistados pelo facebook acredita que é necessário fiscalizar e manifestar a opinião aos políticos, mas admite que não se interessa por política. A maioria das pessoas consultadas disse que não participa de ações como passeatas, associação de bairro e audiências públicas. Só 3,2% das pessoas consultadas, por exemplo, disseram que costumam ir a audiências públicas – que são reuniões feitas pela administração pública para ouvir as demandas e opiniões da comunidade.
Acompanhar o desempenho do político durante todo o mandato eletivo também não está entre as prioridades dos colombenses. Para 37% das pessoas consultadas, basta votar e escolher seus representantes para cumprir seu papel político. Só 13,2% responderam que nos últimos 12 meses, por exemplo, consultaram informações sobre a atividade dos parlamentares – seja no site da Câmara de Colombo, da Assembleia Legislativa, da Câmara ou do Senado Federal.
A pesquisa informal mostra que o colombense participa pouco e, quando participa, é porque houve um escândalo. “O povo participa pouco. Diz que gosta de participar, mas só depois que há um escândalo. Espontaneamente, a participação é pequena”, analisa um entrevistado. “O colombense não gosta de política. É um cidadão reativo que precisa ser provocado”, completa outro entrevistado.
O comportamento do colombense é semelhante ao do brasileiro em geral e pode ser explicado por questões culturais e históricas. “A sociedade esteve longe historicamente da política. O cidadão aprendeu a atuar na democracia através do voto”, salientando que não necessariamente a participação ativa dos cidadãos na vida política de uma cidade vai garantir melhor qualidade na democracia.
Nos anos 50 a população brasileira tinha um perfil mais revolucionário e com o passar dos anos isso se perdeu. Na opinião dele, o principal desmotivador são os casos de corrupção. “A partir dos anos 2000, vê-se uma força [a qual diz que] o papel do cidadão é apenas votar. Eles esperam que a imprensa mostrem a corrupção e como esses casos não são resolvidos, a população se cansa”, diz outro entrevistado.
Cidadania
Nilton, um cidadão que destoa da maioria
Nilton mora em Colombo há 31 anos e é um cidadão que destoa da maioria dos colombenses. O Nilton dedica parte do seu tempo para discutir e fazer política no bairro Guaraituba. Faz isso desde 1994 sem receber um tostão. Faz porque acredita na cidadania. Ele faz parte de uma minoria.
Como Nilton, apenas 3,28% dos eleitores colombenses participaram de alguma audiência pública nos últimos 12 meses. Nilton foi a todas só neste ano.
Ele não tem mandato eletivo e diz não pretender ter. Nem mesmo o título de líder comunitário ele aceita.
“Me reconheço como um cidadão que ajuda as outras pessoas, não sou líder. Como eu, existem dezenas de anônimos que pensam em resolver os problemas da comunidade”, diz. A satisfação de Nilton é, por meio da política, resolver as demandas dos moradores do Guaraituba.
Os dados mostrados revelam o cenário, diz Nilton, de um mundo individualista. “Falta percepção de cidadania. Vivemos numa sociedade do eu”, filosofa.
A saída, complementa ele, é a participação popular e o acompanhamento da aplicação dos recursos públicos. “Se 50% dos colombenses fizesse um trabalho similar, melhoraria em 80% os problemas da cidade.” Fica o convite.
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