A Secretaria Estadual de Saúde do
Paraná confirmou que há a suspeita de um homem com o vírus
ebola na cidade de Cascavel, no oeste do Estado. Não há a confirmação
sobre o contágio.
O paciente notificado com suspeita de ebola em Cascavel, no Oeste do
Paraná, foi transferido por volta das 5 horas desta sexta-feira (10)
para o Instituto de Infectologia Evandro Chagas, no Rio de Janeiro. O
médico cascavelense Marlon Barros Correia e a enfermeira Fernanda
Rafaela Mansour acompanharam o paciente que desembarcou da ambulância
caminhando e se dirigiu até a aeronave da FAB (Força Aérea Brasileira)
que o levou ao Rio.O homem é natural da Guiné, tem 47 anos, e de acordo com o documento de pedido de refúgio chama-se Bah Souleymane. O pedido foi feito na Delegacia da Polícia Federal de Dionisio Cerqueira (SC) no dia 23 de setembro.
O Ministério da Saúde enviou dois médicos infectologistas para Cascavel na noite desta quinta-feira (9). Eles serão responsáveis em avaliar as pessoas que tiveram contato com um homem de 47 anos, da Guiné, notificado com suspeita de ebola.
Após a avaliação eles definirão quem são as pessoas que poderão ser liberadas da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) 2. Várias delas estão proibidas de deixarem a unidade, entre médicos e pacientes. Dois policiais militares que faziam a escolta de um preso também estão retidos na UPA por precaução.
A transferência exigiu uma série de medidas que fazem parte de um protocolo internacional quando há casos suspeitos de ebola. A ambulância, preparada para fazer o transporte até o aeroporto, chegou a UPA 2 por volta das 3h40. A equipe estava paramentada com roupas especiais para evitar uma possível contaminação.
O paciente, que também recebeu roupas especiais para a viagem, foi paramentado durante meia hora antes de seguir para o aeroporto. A ambulância seguiu escoltada por um carro da Polícia Militar.
Os três pilotos da aeronave da FAB também precisaram usar as vestimentas especiais para a viagem. O avião decolou por volta das 5 horas.
No Rio de Janeiro, uma equipe da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aguarda a equipe no aeroporto do Galeão para fazer a desinfecção do avião.
O paciente chegou da Guiné, um dos epicentros da epidemia do vírus, no dia 19 de setembro, de acordo com a nota do Ministério da Saúde (confira a nota na íntegra abaixo).
O homem apresentou sintomas semelhantes aos do ebola, como febre alta, 20 dias após sua chegada, na quarta-feira.
"Até o início da noite, estava subfebril e não apresentava hemorragia, vômitos ou quaisquer outros sintomas. Está em bom estado geral e, mantido em isolamento total", diz a nota.
Protocolo
Como os sintomas do paciente surgiram dentro do período de incubação do vírus, o caso é tratado como um possível contágio de ebola, segundo os protocolos internacionais da Organização Mundial da Saúde (OMS), acrescentou a Secretaria Estadual de Saúde do Paraná.Autoridades locais também confirmaram que os pacientes que estavam no hospital e entraram em contato com o paciente foram proibidas de deixar o local e estão sendo monitoradas, até avaliação dos funcionário do Ministério da Saúde.
Epidemia
Segundo estimativas da OMS, quase 4 mil pessoas já morreram por causa da doença, no pior surto da história. A epidemia está concentrada em três países: Libéria, Serra Leoa e Guiné.Nesta quarta-feira, Thomas Frieden, diretor do Centros para o Controle e a Prevenção de Doenças (CDC, na sigla em inglês), ligado ao Departamento de Saúde dos EUA, afirmou que a epidemia de ebola na África Ocidental pode ser comparada com o surgimento da Aids em termos do desafio que impõe aos gestores de saúde pública.
"Eu diria que, em 30 anos que trabalho com saúde pública, a única coisa parecida foi a Aids", disse Frieden, considerado uma das maiores autoridades da área nos Estados Unidos.
Ele fez a declaração em um fórum do Banco Mundial a respeito da doença, realizado em Washington.
Durante a reunião, o vice-diretor da Organização Mundial de Saúde (OMC), Bruce Alyward, afirmou que o ebola está "enraizado nas capitais" dos países mais afetados e está "acelerando em todos os aspectos".
Segundo Alyward, os chefes de Estado enfrentam um desafio extraordinário pois precisam comunicar à população a urgência da situação, mas não podem causar pânico.
Confira a nota conjunta Ministério da Saúde e a Secretaria de Estado da Saúde na íntegra:
O Ministério da Saúde e a Secretaria de Estado da Saúde do Paraná informam que a Unidade de Pronto Atendimento Brasília, em Cascavel (PR), recebeu nesta quinta-feira (9), no período da tarde, um paciente classificado como suspeito de infecção por ebola.
Trata-se de um homem, de 47 anos, vindo da Guiné (escala em Marrocos), que chegou ao Brasil, no dia 19 de setembro. Ele relatou que ontem (8) e nesta manhã (9) teve febre. Até o início da noite, estava subfebril e não apresentava hemorragia, vômitos ou quaisquer outros sintomas. Está em bom estado geral e, mantido em isolamento total.
Por estar no vigésimo primeiro dia, limite máximo para o período de incubação da doença, foi considerado caso suspeito, seguindo os protocolos internacionais para a enfermidade. Guiné é um dos três países que concentram o surto da doença na África.
O ebola só é transmitido através do contato com o sangue, tecidos ou fluidos corporais de indivíduos doentes, ou pelo contato com superfícies e objetos contaminados. O vírus somente é transmitido quando surgem os sintomas.
Imediatamente após a identificação da suspeita, o paciente foi isolado na unidade e, adotadas medidas previstas no protocolo nacional, como a comunicação à secretaria estadual de saúde e Ministério da Saúde.
O caso está sendo acompanhado pelas equipes de vigilância em saúde do Ministério da Saúde e do Paraná. Assim que comunicado, o Ministério da Saúde enviou imediatamente equipe para Cascavel, por meio da FAB (Força Aérea Brasileira), onde coordenarão in loco as medidas de atendimento e a identificação de possíveis contatos para orientação e controle.
O paciente será transferido, conforme protocolo de segurança, para o Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, no Rio de Janeiro (RJ), referência nacional para casos de ebola. A transferência será feita por meio de aeronave da Polícia Rodoviária Federal.
Nesta sexta-feira (10), o ministro da Saúde, Arthur Chioro, que coordena a ação nacional, e o secretário de Vigilância em Saúde, Jarbas Barbosa, concederão entrevista coletiva sobre o caso, às 10h, no Ministério da Saúde. Na manhã desta sexta, uma equipe da Secretaria Estadual da Saúde também atenderá à imprensa em Cascavel.
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