Os cinco maiores desafios da 'nova Microsoft'


Cinco meses após assumir a Microsoft, Satya Nadella, novo CEO da empresa, iniciou nesta quinta-feira seu projeto de reestruturação. Após a conclusão da compra da Nokia, ele anunciou o maior corte de pessoal da história da empresa: 18.000 dos 127.000 funcionários em todo o mundo serão desligados até 2015.


O corte de pessoal era, de certa forma, previsto pelos analistas de mercado. Em carta enviada aos funcionários, na última sexta-feira, Nadella sinalizou mudanças estruturais prestes a acontecer. “Para entregar as experiências que nossos consumidores precisam, nós vamos modernizar nosso processo de engenharia para nos tornarmos obcecados pelos consumidores, direcionados pelos dados, ágeis e focados em qualidade”, escreveu Nadella.
A redução de 14% do pessoal ainda deixará a Microsoft com 109.000 funcionários em todo o mundo, o que significa 10.000 postos de trabalho a mais do que a empresa tinha antes de comprar a Nokia. Essa equipe será submetida a uma série de mudanças planejadas por Nadella para afastar da Microsoft o risco da “irrelevância” nos próximos anos. Para isso, contudo, é imperativo vencer importantes desafios. Confira, na lista abaixo, os principais:

Ganhar relevância no mercado móvel

Embora tenha sido pioneira na oferta de e-mail pelo celular, a Microsoft demorou a reagir à ascensão dos dispositivos móveis. Em 2007, com a chegada do iPhone, Steve Ballmer, CEO da empresa à época, chegou a desdenhar do produto. A Microsoft só direcionou esforços para reagir em 2010, quando lançou o Windows Phone. Ela fez uma parceria estratégica com a Nokia no ano seguinte para competir com iPhone e Android, mas os resultados são modestos: segundo a consultoria Strategy Analytics, o Windows Phone está presente em apenas 3,2% dos smartphones vendidos globalmente no último trimestre de 2013.

Integrar hardware e software

A compra da Nokia, pelo valor de 7,2 bilhões de dólares, em setembro de 2013, foi estratégica para a Microsoft. A empresa, que ganhou relevância ao criar o sistema operacional Windows, sempre dependeu da simpatia dos fabricantes de PCs pelo sistema. Com o Windows Phone, tudo mudou: a Nokia foi a única empresa que se comprometeu em adotar o software como sua plataforma principal para smartphones. Ao levar os dispositivos para dentro de casa, a Microsoft poderá controlar a integração entre hardware e software e, quem sabe, ter uma chance de sucesso neste mercado altamente competitivo.

Avançar no segmento de serviços em nuvem

Se o sucesso não vier dos gadgets, que venha da nuvem. Antes de assumir a posição de CEO, Nadella foi vice-presidente de produtos corporativos e serviços na nuvem, uma das áreas mais lucrativas da Microsoft. Ele liderou a reformulação de uma série de serviços populares, como o e-mail gratuito Hotmail, e também trocou o Windows Live Messenger pelo Skype. Após sua nomeação, as mudanças não pararam: o SkyDrive se transformou em um serviço de backup mais moderno, o OneDrive. O Office, que estava praticamente restrito aos dispositivos da Microsoft, também ganhou, finalmente, uma versão para o iPad, tablet da Apple.

Unificar as versões do Windows

Após lançar o Windows Phone, a Microsoft se esforçou para criar um novo Windows para dispositivos com tela sensível ao toque. O resultado foi o Windows 8: o software manteve a tradicional interface, mas ganhou uma segunda opção, com visual moderno. O sistema foi fragmentado em dois: um para computadores e outro, mais leve, para tablets, chamado Windows RT. Tantas versões confundiram os consumidores e o Windows 8 não obteve o sucesso que a empresa esperava. Integrar os três sistemas em uma experiência única, seja no PC, tablet ou smartphone, pode ser passo difícil mas necessário para a Microsoft. E poderá significar, para a empresa, o abandono do "velho" mundo dos PCs.

Adotar uma cultura de inovação permanente

Tantas mudanças na estratégia só serão possíveis com uma mudança, também profunda, na cultura da Microsoft. Líder no mercado de computadores, a Microsoft coloca o Windows em nove de cada dez máquinas vendidas no mundo. Durante anos, a situação confortável freou o espírito de inovação dentro da empresa. A partir de agora, com a diretriz de repensar processos e produtos para sobreviver no mercado, Nadella precisa conquistar mentes e corações de funcionários e parceiros. “A indústria da tecnologia não respeita tradição, ela somente respeita a inovação. Para acelerar a inovação dentro da Microsoft, nós precisamos redescobrir nossa alma”, escreveu Nadella, aos funcionários.

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