"Pai" da web quer constituição para a rede, que faz 25 anos
Criador do protocolo www, Tim Berners-Lee saiu nesta quarta-feira em defesa do conceito de neutralidade na rede que ele ajudou a construir, há 25 anos. O cientista britânico divulgou uma carta em que afirma que a internet deve ser aberta e neutra (os dados devem ser tratados de forma isonômica, não importando o conteúdo, origem ou destino), o que poderia ser garantido por uma espécie de "constituição global".
Segundo Lee, a liberdade de expressão e a privacidade têm sido atacadas por governos e companhias. Daí, na visão dele, a importância de uma lei global. Não é possível, segundo Berners-Lee, possuirmos governos democráticos, comunidades conectadas e diversidade de cultura sem uma rede livre. "Não é ingênuo pensar em ter uma web assim, mas é ingênuo achar que podemos apenas ficar sentados esperando que isso ocorra", escreveu em texto publicado no jornal britânico The Guardian.
Lee não cita as recentes denúncias de espionagem por parte da Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos (NSA) e da GCHQ, sua equivalente britânica. Sua posição em relação ao assunto, no entanto, é pública. O cientista é contrário a qualquer tipo de interceptação de informação e afirma que as pessoas precisam saber como são geridos os serviços de segurança.
"Nossos direitos são infringidos cada vez mais e de todas as maneiras. O perigo é que isso se torne uma atitude de praxe. É por isso que quero usar o aniversário de 25 anos da web para defender que todos possamos ter a internet em nossas mãos e para que possamos definir qual web desejamos para os próximos 25 anos."
No texto, o britânico contou ainda que, à época da criação do protocolo www, seu então chefe achou a ideia da rede vaga, mas interessante. Ele agradeceu pela oportunidade de trabalhar no projeto, que mudou o mundo de uma forma "inimaginável". "A web rendeu bilhões de dólares à economia, transformou dados no 'ouro do século 21', desencadeou a inovação na educação e na saúde, revolucionou a mídia e forçou a reinvenção política em muitos países, permitindo o diálogo entre governo e população", escreveu Lee.
Ele terminou a carta pedindo que os usuários da rede se envolvam na causa e desempenhem um papel crucial na internet do futuro. No ano passado, durante passagem pelo Brasil, ele revelou apoiou ao Marco Civil, um projeto de lei que tramita na Câmara dos Deputados e que pretende regulamentar a rede no país. Segundo ele, a aprovação faria com que o Brasil desempenhasse um papel de liderança no mundo no que se refere a direitos e deveres dos cidadãos na internet.
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