Que
mal há em cobrar que as pessoas vivam de acordo com os princípios que
dizem defender para os outros? Anda a fazer certo barulho por aí o post em
que recomendei que os atores Bruno Gagliasso e Tatá Werneck, da TV
Globo, entre outros, não mais usem antibióticos e tratem infecção de
garganta com mel. Por que fiz isso? Porque eles apoiaram a invasão do
Instituto Royal. Segundo Ygor Salles, editor-adjunto de Mídias Sociais
da Folha, eu teria atacado os atores. Ataque é outra coisa. Escrevi isto:
Trecho em que cito Tatá
“Vou escrever aqui o nome de gente
de que, com raras exceções, nunca ouvi falar, mas que, consta, é
famosa, existe. Uma tal Tatá Werneck escreveu no Facebook: “Instituto
Royal esta matando cachorros para testar seus cremes de merda”. A
empresa nem mata animais nem testa cosméticos, mas analgésicos e drogas
contra o câncer — que, segundo entendo, a dita-cuja jamais usará ainda
que precise”.
Trecho em que cito Gagliasso:
“Quando a garganta do galãzinho
garnisé Bruno Gagliasso inflamar, formando placas de pus, em vez de
tomar uma das eritromicinas da vida, que foram testadas em beagles — a
gente sabe que ele é contra e, corajoso que é, não vai aceitar um
tratamento covarde —, ele vai procurar manter um diálogo amigável e
respeitoso com os estreptococos, que, afinal de contas, também são vida.
Bruno talvez tenha aderido a um dos pensamentos delinquentes hoje
influentes no mundo, que combate o “especismo”. A diferença entre um
estreptococo, um beagle e um Bruno Gagliasso, segundo esse ponto de
vista, é mera questão valorativa — e, pois, relativa.”
Retomo
Cadê o ataque? Há só um tantinho de bom
humor, nada além disso. Mas a questão é séria, e o argumento é para
valer — a menos que Ygor me diga por que é furado. Quase todos os
remédios que tomamos — eu, Ygor, Gagliasso, e Tatá — foram antes
testados em bichos… Esses que se mobilizam não se opõem àquele instituto
em particular. Sua questão é mais geral: querem banir a prática dos
testes.
Uns
bobinhos provocaram: “Por que você não se oferece em lugar dos cães?”.
Ora, essa proposta não deve ser feita a mim. Eu, a exemplo de todas as
pessoas com os meridianos ajustados, penso que, dentro de procedimentos
éticos devidamente estabelecidos, os testes e pesquisas devam continuar.
Os que advogam o contrário é que têm de se apresentar como campo de
prova, ora… Em alguns casos, se saírem do laboratório latindo, já será
um ganho para a humanidade.
Sim, eu
acho que esses bacanas que se agarram a qualquer causa que pareça
popular — o pior é ver importantes setores do jornalismo nessa areia —
devem dar o exemplo. Se Gagliasso, Tatá ou qualquer uma das celebridades
ou subcelebridades quiserem, sei lá, lavrar em cartório a promessa de
que jamais usarão qualquer substância alopática, incluindo maquiagem —
sim, também se usam animais para testar certos produtos cosméticos; não
era o caso do Royal —, publico aqui.
De resto,
Ygor, é bom não perder de vista a questão inicial. Antes de me
posicionar sobre as pesquisas, tratei de uma questão não menos
importante: aquelas pessoas cometeram crimes: Invadiram e depredaram
propriedade privada, destruíram material científico e roubaram animais.
Eu
costumo, sim, atacar criminosos e pessoas que fazem a apologia do crime.
No caso das celebridades e subcelebridades, até que peguei leve.
Relevei a ignorância que costuma, na espécie, acompanhar a saliência.
Mas estou aberto a ouvir um bom argumento em defesa da delinquência que
redime. Havendo algum, será uma pequena revolução moral.
veja
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