Mundo ainda lida com rescaldo da crise financeira iniciada há 5 anos


Em 15 de setembro de 2008, o pedido falência do banco de investimentos Lehman Brothers marcou o início de uma nova era na economia global. Com suas carteiras repletas de títulos de hipotecas de alto risco (o subprime), o banco admitiu que estava às portas da quebra e causou pânico generalizado nos mercados ao redor do mundo.
Desde a crise de 1929, não havia nada parecido em Wall Street e nos demais grandes centros financeiros.
Cinco anos depois da quebra do Lehman, muitos ainda se questionam se tudo teria sido diferente — e menos doloroso — se o governo americano tivesse intercedido e resgatado o banco, assim como fez com outras instituições e empresas, como a seguradora AIG e a própria General Motors. Após o choque que fez o índice Dow Jones atingir sua mínima em 12 anos e muitos bancos verem seus ativos reduzidos a pó, um pacote de mais de 2 trilhões de dólares anunciado pelo governo americano em novembro de 2008 serviu para acalmar os ânimos dos mercados, que se estabilizaram. 
Contudo, um novo capítulo da crise teve início — desta vez, na Europa. No lugar do subprime, veio a dívida pública, em alguns casos insustentável, de nações do continente. Países que entraram na zona do euro nos anos que precederam a crise, sem ter indústria competitiva e sem implementar reformas fiscais que mantivessem suas contas em ordem, acabaram sugados pela recessão. Grécia, Irlanda e Portugal tiveram de passar por traumáticos ajustes fiscais em troca da ajuda bilionária do Fundo Monetário Internacional (FMI) e da União Europeia (entenda-se Alemanha). Espanha e a Itália chegaram bem perto de sucumbir, mas foram resgatados na bacia das almas pelo plano de compra de títulos anunciado pela União Europeia em 2011. Implementaram importantes medidas de austeridade para reduzir o peso do estado em suas economias, conquistando em troca melhores resultados fiscais, mas recebendo o ônus de uma taxa de desemprego galopante. 
Potências como Estados Unidos, França e Grã-Bretanha também tiveram de realizar duros ajustes para arcar com os resgates bancários executados em 2008. Impostos subiram e o desemprego aumentou.
Em 2013, depois de anos de tormenta, o mar parece mais calmo. Nem todas as reformas tiveram o sucesso que se esperava, mas o euro — que a certa altura esteve prestes a ruir — se manteve firme. O crescimento das economias desenvolvidas continua lento, mas nenhum país, oficialmente, deu o calote. Nos Estados Unidos, sinais de recuperação são evidentes. O problema é que, com o despertar da maior potência do mundo, chega também o fim — pelo menos temporário — da bonança para os emergentes. A recuperação em curso no Hemisfério Norte, somada ao fim do ciclo das commodities agrícolas (alimentado pela demanda chinesa e pela oferta brasileira) coloca o mundo diante de um novo impasse. Com os países ricos em recuperação, boa parte do fluxo de recursos que tornava os emergentes tão atrativos vai se esvair.
Uma pequena amostra disso ocorreu nos últimos meses, quando o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) deu indicação de que reduziria os estímulos monetários à economia dos Estados Unidos — o que, possivelmente, poderá resultar em aumento de juros num futuro próximo. Caso isso ocorra, os títulos do Tesouro americano, que são atrelados aos juros e que rendem algo próximo de zero atualmente, passarão a ter maior retorno. Os investidores já se anteciparam e migraram em massa para ativos americanos, abandonando aplicações em mercados mais ariscos, como o Brasil de Dilma Rousseff, a Índia e a Rússia. A China, acreditam economistas, se mantém como motor do crescimento mundial. O que será das demais economias emergentes é uma incógnita.  

Ana Clara Costa

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