Atualmente a Organização Mundial de Saúde classifica a obesidade
como uma doença crônica, caracterizada pelo excesso de gordura
corporal. A obesidade é subdividida em graus: 1, 2 e 3, sendo
respectivamente alto, muito alto e severo. Por isso, aqueles que possuem
um IMC (Índice de Massa Corporal) acima de 35, 40, característica do
grau 3, já são considerados pessoas enfermas, pois apresentam obesidade
mórbida.
A indicação na maioria desses casos
é a cirurgia bariátrica. No entanto, muitas pessoas que apresentam
esse quadro de obesidade têm manifestado o desejo de tratar o distúrbio
através de cirurgias plásticas, como a lipoaspiração. Porém, é preciso
alertar que para fazer esse tipo de intervenção cirúrgica é necessário
que o paciente esteja com boas condições clínicas, sem nenhum problema
de saúde.
Quando a lipoaspiração pode ser uma indicação
Em geral, quando não existe obesidade mórbida (com um IMC acima de 35) não há tantos problemas em se submeter à lipoaspiração,
especialmente se a anestesia for local. Alguns pacientes, inclusive,
até por causa da melhora do contorno corporal, demonstram estímulos e
condições psicológicas favoráveis para buscar emagrecer após a operação,
procurando adotar a reeducação alimentar e uma atividade física
regular. Isso acontece porque a pessoa eleva a autoestima e, deste modo,
pretende manter e aperfeiçoar esse novo aspecto. Já aqueles que têm
apenas sobrepeso são bons candidatos à lipoaspiração, pois costumam
obter resultados mais impactantes.
No entanto, é preciso sempre avaliar
e analisar cada caso, levando em conta que na lipoaspiração, somente se
pode aspirar até 7% do peso corporal em cada procedimento, sendo
importante salientar que a técnica permite remover gorduras localizadas
em pequenos volumes. Exceder esse limite é perigoso, podendo causar
sangramentos e provocar até anemia. Ou seja, não se pode aspirar grandes
quantidades, até porque a maioria do excesso de gordura fica entre os
órgãos, sobretudo na região abdominal.
Além disso, em uma lipoaspiração convencional
não se deve estender por muitas áreas e por muito tempo o procedimento.
Enfim, vale a experiência e o bom senso. Além disso, quando se usa
anestesia local, o próprio volume de anestésico vai restringir a
quantidade de regiões a serem aspiradas em uma única vez.
Entretanto, como o procedimento é
menos traumático e não existe pernoite em hospital, indico o day clinic,
no qual se pode fazer outra área até mesmo no dia seguinte e em dias
subsequentes, até a totalidade das regiões necessárias. Mas dentro desse
contexto, é imprescindível ressaltar que a lipoaspiração não é um
método de emagrecimento, nem a solução definitiva para perder peso e
ficar "magro".
Atitudes saudáveis
Embora pessoas obesas possam fazer
esta cirurgia, se estiverem obviamente com boas condições clínicas, isto
é, sem problemas de saúde e um IMC até 35, o ideal é que a paciente
procure primeiramente ajuda médica para emagrecer, adotando uma dieta
balanceada e equilibrada.
Com a implantação da reeducação
alimentar, a perda de peso acontecerá de forma saudável. Esse recurso
poderá ainda ser um fator estimulante para se exercer alguma atividade
física regularmente. Afinal, o sedentarismo é uma das principais causas
do acúmulo de gordura corporal, porque a pessoa ingere mais calorias do
que gasta. Com essas atitudes, mudanças de hábitos, o organismo
certamente estará mais apto para se submeter a cirurgia e os efeitos e
benefícios corporais serão muito mais eficazes e perceptíveis.
É bom lembrar que nas últimas
décadas foi possível observar que a obesidade se tornou uma verdadeira
epidemia, com o agravante de gerar e favorecer ainda o surgimento de
inúmeras outras doenças correlacionadas, como diabetes, doenças
cardiovasculares, entre outras enfermidades severas. O crescimento e a
sua prevalência na população, principalmente nos grandes centros
urbanos, tem causado impacto na qualidade de vida.
O Ministério da Saúde divulgou a
última pesquisa realizada sobre o assunto, apontando que o número de
brasileiros acima do peso aumentou desde 2012, ultrapassando pela
primeira vez o percentual de mais da metade da população, ou seja, 51%
das pessoas (acima de 18 anos), sendo que 17% delas são obesas.
São estatísticas que assustam e
alarmam a comunidade médica. Devido a todos esses fatores e riscos
apresentados, é necessário tomar providências para se combater o
problema, que deve começar com a orientação de uma equipe
multidisciplinar de profissionais da área de saúde, como
endocrinologistas, nutricionistas, psicólogos, educador físico, entre
outros, para conduzir e tratar os casos clinicamente, em especial, os de
obesidade mórbida.
André Eyler
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